Alckmin tenta conciliar discurso para atrair tucanos e petistas
No entorno do tucano existem alguns impasses a serem superados. Parte dos conselheiros insiste que ele suba o tom e incorpore o antipetismo
atualizado
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Presidenciável pelo PSDB, o governador Geraldo Alckmin vai entrar oficialmente em pré-campanha no dia 8 de abril com uma estratégia formatada para tentar recuperar terreno em redutos tucanos e ao mesmo tempo atrair o eleitorado historicamente petista, mas que deve ficar “órfão” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se ele ficar inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A fórmula, segundo auxiliares, aliados e conselheiros do tucano, é manter a defesa do aperto fiscal na economia e reforçar o tom conservador na segurança pública, mas ao mesmo tempo adotar bandeiras identificadas com a esquerda no campo social.
Em vez de falar em estado mínimo, Alckmin vai voltar às raízes da social democracia tucana e defender o fortalecimento de uma “rede de proteção social”. Isso inclui um cardápio de propostas: mudanças na remuneração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para garantir ganhos acima da inflação, reformulação e ampliação do seguro desemprego, abono salarial. Além da defesa intransigente de um programa visto como vitrine petista, o Bolsa Família.“O Bolsa Família é uma conquista do Brasil. Criado e aperfeiçoado por vários governos desde FHC (Fernando Henrique Cardoso). Porém, a rede de proteção social vai além. Uma das nossas preocupações centrais será com o FGTS”, disse ao Estado o jornalista Márcio Aith, estrategista de Alckmin e coordenador de comunicação do PSDB nacional.
Segundo ele, há um grande volume de recursos parados rendendo abaixo da inflação. “Vamos dar ao fundo o mesmo status que o mercado dá aos investidores. É a correção de uma injustiça histórica. Para os trabalhadores, isso significará mais respeito e mais renda”.
O cientista político Luiz Felipe D’Ávila foi incorporado à equipe de programa de governo de Alckmin, comandada por Persio Arida, para coordenar as propostas sociais.
“Nas redes sociais, o foco será mostrar como ele tem equilíbrio entre o econômico e o social. A partir do dia 8, Alckmin vai deixar de falar de sua agenda e se apresentar como candidato, com propostas consistentes”, disse o publicitário Lula Guimarães, coordenador de redes sociais do governador e cotado para ser seu marqueteiro na campanha.
No campo da segurança pública, ao contrário do presidenciável e deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), Alckmin evita um discurso pró-armamento, mas planeja discutir no Congresso uma ideia controversa: apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para “dar poder de polícia às guardas municipais, cuja atribuição hoje é defender o patrimônio, e não a população”.
Antipetismo
No entorno do tucano existem alguns impasses a serem superados. Parte dos conselheiros insiste que ele suba o tom e incorpore o antipetismo no discurso. Esse ajuste seria necessário para evitar o isolamento diante de uma possível polarização: Bolsonaro, de um lado, e o nome da esquerda, no outro. Alckmin resiste e prefere uma linha moderada. O tema da corrupção e inquéritos envolvendo tucanos também estão no radar.
A tentativa de “antídoto” será apresentar o governador nas redes sociais como um político austero e que não enriqueceu na política. Há também um diagnóstico geográfico: começar por recuperar e consolidar territórios azuis. O Paraná preocupa muito e por isso Alckmin estreitou laços com Álvaro Dias.