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Alckmin fala em fake news, mas omite convênio que assinou em 2002

Documento previa a entrega de trem para o aeroporto de Guarulhos, em SP, em 2005. A Lupa checou declarações do pré-candidato à presidência

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin
1 de 1 o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Na inauguração da estação Aeroporto da Linha 13-Jade da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, disse que reportagens sobre o atraso de 14 anos na construção da linha eram fake news. Mas, em 2002, o próprio tucano assinou um convênio que previa a instalação de um trem na região até 2005. Ele também se equivocou ao falar sobre a história do aeroporto de Guarulhos. Veja a checagem abaixo:

Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, entrega linha 13-Jade da CPTM em Guarulhos

“[A construção do trem para Cumbica] Não demorou 14 anos. Isso é fake news, é mentira”
Geraldo Alckmin, governador de SP e pré-candidato à presidência pelo PSDB, em entrevista coletiva no dia 31 de março de 2018

Exatos 16 anos e 17 dias separaram o primeiro anúncio de que um trem ligaria a capital paulista e o aeroporto de Guarulhos de sua efetiva inauguração, no último dia 31.

Em 14 de março de 2002, Geraldo Alckmin, então em seu primeiro mandato como governador, assinou um convênio com a Infraero para a implantação de uma linha de trem entre o aeroporto e a estação Brás, da CPTM. A assinatura desse convênio foi noticiada, à época, pela Folha de S. Paulo e pelo Estado de S. Paulo. A previsão era de que uma licitação seria realizada ainda no primeiro semestre de 2002 e que a obra estaria concluída em 2005. Nada disso aconteceu.

Em nota, a Infraero confirmou que assinou convênio com a CPTM “a fim de desenvolverem ações conjuntas com o objetivo de atender à implantação de um serviço ferroviário ligando o Aeroporto Internacional de Guarulhos ao centro da cidade de São Paulo”. Segundo o órgão, o objetivo era a cooperação de ambas as partes para a implantação do Expresso Aeroporto”. O convênio, no entanto, foi encerrado em 2003.

Também vale ressaltar que o projeto do convênio era diferente do que foi inaugurado no último sábado. Seria um trem expresso, com custo estimado de R$ 20 para a passagem (R$ 54,10, em valores atualizados) – não uma linha comum da CPTM, como é hoje. Depois de junho, quando acabar o período de testes, em que a viagem é gratuita, a passagem custará R$ 4.

Em nota, a assessoria de imprensa do governo de São Paulo disse que o projeto Expresso Aeroporto, de 2002, seria uma parceria público-privada, mas “deixou de ser interessante para a iniciativa privada” com o anúncio de trem de alta velocidade (TAV) entre São Paulo e Rio de Janeiro pelo governo federal (obra que nunca foi concretizada). As datas dos dois projetos, porém, não batem. O TAV só começou a ser discutido em 2007.

A assessoria destacou, ainda, que o projeto atual foi iniciado em 2012 e licitado em 2013, com previsão de recursos do PAC da Mobilidade do governo federal. Segundo o governo de SP, esse dinheiro nunca chegou, e “o Estado buscou outras fontes de financiamento para a conclusão da obra”.

GRU/Divulgação

“Estudos para trazer o trem para cá [aeroporto de Guarulhos] existem há mais de 50 anos”
Geraldo Alckmin, governador de SP e pré-candidato à presidência pelo PSDB, em entrevista coletiva no dia 31 de março de 2018

O Aeroporto Internacional de Guarulhos só foi inaugurado em 20 de janeiro de 1985. Não existia, portanto, “há mais de 50 anos”. As primeiras desapropriações para a construção do aeroporto começaram em 1974. Há menções a estudos de viabilidade para a implantação de um trem ou um VLT na região desde, pelo menos, os anos 1990.

Vale ressaltar que, entre 1947 e 1965, funcionava na região um um ramal de trens – mas de uso exclusivamente militar. Uma ferrovia ligava a Base Aérea de São Paulo, nas proximidades do atual aeroporto, à hoje extinta estação de Guarulhos e, de lá, à estação Tucuruvi, na Zona Norte da capital. Em 1965, todo o ramal deixou de operar.

Em nota, a assessoria do Governo de São Paulo disse ser “risível que se busque precisão em um número citado como hipérbole, uma mera figura de estilo”.

Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

“Ela [a Linha 13-Jade da CPTM] foi licitada em 2013. Em 2017, tivemos a primeira estação e, em 2018, ela está entregue”
Geraldo Alckmin, governador de SP e pré-candidato à presidência pelo PSDB, em entrevista coletiva no dia 31 de março de 2018

licitação da atual Linha 13-Jade da CPTM foi publicada no dia 27 de setembro de 2013. A estação Engenheiro Goulart, fechada para obras em 2014, foi reinaugurada em agosto de 2017 – inicialmente, operando apenas para a Linha 12-Safira. Em 31 de março, foram inauguradas as últimas duas estações da linha 13 – Guarulhos-Cecap e Aeroporto. Elas operam em período de testes, com passagem gratuita, até junho. Depois disso, os trens funcionarão como os que já operam na cidade, com trajetos ao custo de R$ 4.

*Por Chico Marés

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