“Água e reza”: Cabo Daciolo deixa monte para participar de debate
Presidenciável pelo Patriota estava isolado desde o início da semana. Ele deixou de comparecer a uma sabatina nessa quarta (15/8)
atualizado
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Com toda a pressão que antecipa os dias de debates eleitorais televisionados, os presidenciáveis costumam separar um tempo de preparação para possíveis questionamentos nesses eventos. Não é o caso do candidato à Presidência pelo Patriota, Cabo Daciolo: em vez de ensaiar as falas de suas propostas de governo, permaneceu em um monte, à base de “água e reza”, nas palavras dele. A informação é do jornal O Globo.
No Monte das Oliveiras, no bairro de Campo Grande – Zona Oeste do Rio de Janeiro –, o treino do presidenciável foi em forma de oração. Por estar isolado no local há alguns dias, Daciolo não compareceu à sabatina da Record, nessa quarta-feira (15/8).
A reportagem do O Globo foi ao encontro do candidato nessa quinta (16). O veículo afirma que, depois de orar ao ar livre a cerca de 800m de altitude, no alto de uma pedra, Daciolo deixou o lugar por volta das 2h para viajar a São Paulo, onde participa nesta sexta (17) do debate da Rede TV!.
Segundo a reportagem, Daciolo frequenta o Monte das Oliveiras desde a juventude, quando passava madrugadas a cavalo sozinho na mata – ou, conforme diz, na companhia “do Senhor” e dos “anjos Miguel e Gabriel”. Na última semana, ele gravou vídeos ao vivo no Facebook mostrando o local onde ficou isolado (confira abaixo).
Momento espiritual
Quando a reportagem do O Globo chegou, Daciolo estava no local há um dia. Sentado em um tronco, com a Bíblia que carrega desde a posse como deputado federal em uma das mãos, mirava a vista panorâmica da região ao lado de 16 colegas do Corpo de Bombeiros, seus seguidores e assessores. Um deles tocava violão e cantava ao lado de uma barraca improvisada, outro soprava uma trombeta muito parecida com o shofar, instrumento usado por judeus. Havia uma fogueira que aquecia água para o café.
“Minha mãe e meu pai frequentavam o espiritismo. Ela aceitou Jesus primeiro, começou a frequentar a Igreja Evangélica. Em 1997, eu fui levar a minha mãe numa igreja, achava tudo isso uma loucura, as pessoas falando em língua… Nesse culto estava chovendo um pouco e minha mãe disse ‘entra, meu filho’”, comentou Daciolo ao jornal, sobre a primeira vez que foi a um culto.
Na ocasião, disse ter ouvido as palavras do pastor, mas não se converteu. “Antes de conhecer Jesus, eu gostava de uma cerveja, de uma caipirinha e era muito mulherengo. Eu tinha uma namorada e muitas pessoas. Uma mulher casada”, admitiu, ao dizer que ouviu do pastor um conselho para acabar o relacionamento.
O candidato à Presidência entrou para a igreja só sete anos depois, quando adoeceu e os médicos não conseguiam encontrar o problema. Padecia de um mal nos intestinos – segundo ele, curado tempos depois pela “força do Senhor”.
Críticas políticas e Ursal
No Monte das Oliveiras, o Cabo Daciolo criticou os políticos que se dizem evangélicos e não se importam com a população.
“Falam de Deus da boca para fora. As atitudes, a forma que votam… Não são todos, mas a grande maioria, se vocês olharem lá, vota contra o povo. Muitos votaram pela PEC do Teto de Gastos, travando o país em 20 anos. Muitos deles colocaram a questão recente dos trabalhadores, botando uma carga maior de desempregado”, disse o presidenciável.
Daciolo também revelou que a União das Repúblicas Socialistas da América Latina (Ursal) – a qual virou meme e chamou muita atenção nas redes sociais após o deputado ter atribuído ao candidato do PDT, Ciro Gomes, apoio à sigla – não se trata de uma notícia falsa.
Preocupado com outras entidades religiosas, o candidato jurou que o problema do Brasil é a maçonaria e a Nova Ordem Mundial, uma organização totalitária, fruto de uma teoria da conspiração, a qual estaria prestes a dominar o mundo. Para Daciolo, Geraldo Alckmin (PSDB) seria adepto do grupo.