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Agenda econômica para futuro governo de transição já divide o PMDB

O partido não descarta políticas impopulares, incluindo aumento de impostos. O debate já preocupa parlamentares da sigla, por temerem que iniciativas desse tipo possam prejudicar o desempenho nas eleições municipais de outubro

atualizado

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Diante da perspectiva de que o vice Michel Temer assuma a Presidência com o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a cúpula do PMDB discute medidas de transição da economia que não descartam políticas impopulares, incluindo aumento de impostos. O debate já preocupa integrantes do partido, por temerem que iniciativas desse tipo possam prejudicar o desempenho dos peemedebistas nas eleições municipais de outubro. O PMDB é o partido com maior número de prefeituras no país.

Cautelosos, aliados do vice têm desautorizado publicamente qualquer especulação sobre a política econômica e formação da equipe para a área numa eventual gestão Temer. A precaução é tamanha que eles dizem que mesmo o documento “Ponte para o Futuro” – lançado em outubro com propostas para reequilibrar as contas públicas com desindexação do salário mínimo e de benefícios previdenciários – não deve ser visto como um “Plano Temer” definitivo, justamente por causa das medidas impopulares previstas no texto.

Os peemedebistas receiam que as discussões sobre ações na economia possam retirar o apoio da população ao impeachment e alimentar o discurso do PT contra o afastamento de Dilma. A bancada petista no Congresso tem questionado o documento peemedebista.

Embora o discurso oficial seja o de que não há um programa, nos bastidores as principais lideranças do PMDB avançam na preparação de uma eventual transição de governo. Os aliados do vice têm conversado com economistas para preparar as bases de um programa mais detalhado. A tendência é que a divulgação de uma plataforma mais elaborada só ocorra em maio, caso a Câmara admita a abertura do processo de impeachment contra Dilma e o Senado posteriormente decida afastá-la do cargo.

De olho na rua
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que um eventual governo Temer terá de fazer uma opção por não aumentar a carga tributária para tapar o rombo das contas públicas. “Esse é um desejo da rua, que é protagonista desse processo de mudança”, disse.

Marun encaminhou a Temer uma lista de propostas que inclui corte nas despesas de custeio, um novo regime orçamentário, enxugamento dos ministérios para algo entre 20 e 25 e corte de cargos de confiança. “O PMDB tem que se adaptar aos novos tempos ”

Para a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), o partido precisa responder qual é a proposta para governar o país e terminar com a crise econômica. “Vai trocar para mudar com que proposta? Essa proposta ainda não apareceu”, disse. “Estamos onde estamos por causa de gastos do governo. Não se interrompeu a gastança.”

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que, por ora, o partido não deve pautar a discussão pública de medidas econômicas. “Aumento de carga tributária em momento de crise econômica não é inteligente. Se tem que fazer uma travessia e exigir sacrifício, primeiro tem que dar exemplo de sacrifícios para depois cobrar dos outros.”

Cardápio
Nas conversas dos peemedebistas, há uma constatação de que o cardápio de medidas econômicas não poderá ser muito diferente dos projetos de ajuste fiscal da gestão Dilma que já tramitam no Congresso. Para eles, a reforma da Previdência é tida como fundamental, assim como o aprofundamento do corte de despesas e medidas para diminuir o engessamento do Orçamento.

A diferença em relação ao governo Dilma é de que a equipe de Temer teria condições de resgatar confiança, principalmente do setor empresarial.

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