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Afinal, qual o título e o que diz o livro levado por Bolsonaro ao JN?

Durante entrevista, candidato mostrou obra infantil sobre orientação sexual. Disse que é distribuído em escolas e incentiva pedofilia

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Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

É comum que as entrevistas televisionadas do candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, rendam polêmicas. Nessa semana, o presidenciável foi ao Jornal Nacional apresentar suas propostas de governo. Dessa vez, no entanto, ao debate sobre os principais problemas que afligem a população brasileira – segurança, saúde, educação e economia – somou-se um mistério: o livro que Bolsonaro carregava junto ao corpo, cujo título não foi revelado no telejornal.

Ele bem que tentou, mas seus entrevistadores não permitiram a divulgação do nome da publicação, despertando a curiosidade dos telespectadores. Isso porque Bolsonaro afirmou se tratar de um livro que supostamente incentivaria a pedofilia e estaria disponível em bibliotecas de escolas brasileiras.

O exemplar era uma edição do livro Aparelho sexual e cia: um guia inusitado para crianças descoladas, de origem francesa, editado pelo selo juvenil da Companhia das Letras. Em seu Twitter, a editora fez questão de esclarecer, nessa quarta-feira (29), que o título integra seu acervo, mas está esgotado (confira abaixo).

Com o intuito de sanar as dúvidas das crianças sobre sexualidade, a obra traz quadrinhos e explicações sobre orientação sexual – vista por Bolsonaro como uma apologia à prática do sexo. “Como é estar apaixonado? Como se beija na boca? Por que crescem pêlos e espinhas pelo corpo durante a puberdade?”, são algumas das questões tratadas no livro.


MEC se manifestou
A polêmica promovida por Bolsonaro também gira em torno da afirmação de o livro ter sido adquirido pelas escolas, ensinando crianças a manter relações sexuais. Em 2016, o candidato disse que o Ministério da Educação (MEC) comprou exemplares para distribuir como material didático. Na época, o MEC afirmou que o Ministério da Cultura foi o responsável pela aquisição de apenas 28 exemplares, mas eles não foram entregues aos alunos.

O Metrópoles entrou em contato com o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) para saber se a entidade teve conhecimento do episódio envolvendo a obra e se ela chegou às salas de aula brasilienses. “É importante salientar que o livro que Bolsonaro levou à televisão não teve distribuição nas escolas”, afirmou a diretora da Secretaria de Raça e Sexualidade do Sinpro-DF, Élbia Pires de Almeida.

Assunto delicado
Por se tratar de um tema muito delicado, a educação sexual para crianças causa muitas divergências entre especialistas. De um lado, há os que defendem a abordagem do assunto nas salas de aula para o público infanto-juvenil. Do outro, estão os profissionais para quem a sexualidade é um conteúdo particular e não deve ser levado à escola sem o devido consentimento dos pais.

A escola precisa ter o diálogo com os pais ou responsáveis sobre o assunto. A partir do momento que isso é incorporado à grade curricular, sem que haja aprovação dos responsáveis pela criança, há uma desconsideração dos valores familiares

Cintia Cremasco, mestre em psicologia da saúde

Em defesa da abordagem da sexualidade em salas de aula, Élbia Almeida afirma que não se pode confundir “orientação” com “apologia”. “Nós abordamos esse assunto para prevenir doenças sexualmente transmissíveis, gravidez precoce e possíveis ameaças de abuso que essas crianças possam estar enfrentando”, justificou a diretora do Sinpro-DF.

De acordo com Thainá Heusi Moreira, de 30 anos, pós-graduanda em neuropsicologia, do ponto de vista psicológico, nenhuma criança está preparada para ser exposta a esse tipo de material por ainda não conseguir distinguir fantasia da realidade.

“Caso seja exposta, a consequência seria apenas erotização e sexualização precoce, o que pode facilitar a prática do abuso sexual infantil”, explicou a especialista.

“Não cabe à escola ou ao Estado interferir em questões de cunho pessoal, pois partimos do pressuposto que cada indivíduo terá um repertório único de conhecimento, de vivência, de princípios e de valores para lidar com um assunto tão delicado”, finalizou Thainá Heusi.

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