Adiamento de votação no Senado pode prejudicar Aécio

Está marcada para a tarde desta terça-feira (17/10) a votação no plenário do Senado Federal que irá definir o futuro de Aécio Neves (PSDB/MG). Os parlamentares decidirão se as restrições impostas pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) serão ou não revogadas. Ou seja: se o tucano poderá retomar o mandato, recuperar o passaporte e deixar o recolhimento noturno determinados pela Justiça. No entanto, ainda há a possibilidade de a sessão sequer ser realizada.

Para sair vitorioso, Aécio Neves precisa de ao menos 41 votos de seus colegas. O número significa metade mais um dos senadores (são 81 no total). No entanto, depois de o juiz federal Marcio Lima Coelho de Freitas decidir que essa votação deve ser aberta e nominal, uma parte dos aliados do PSDB na Casa passou a defender o adiamento da sessão.

Os tucanos são contra. Argumentam que, quanto mais a votação for protelada, mais enfraquecido Aécio Neves ficará. O senador afastado vem tentando, nos bastidores, garantir que os colegas restabeleçam seu mandato. Porém, sua salvação fica mais incerta a cada dia. 

O PT foi o primeiro a mudar de lado. O partido deverá votar a favor das medidas cautelares aplicadas pelo STF. “Não é nada pessoal contra este ou aquele, mas uma questão de coerência. Porque, quando votamos aqui pelo afastamento, não estamos julgando ninguém. Quem vai julgar é o Supremo. Nesse caso do senador Aécio, ele vai ser julgado pelo Supremo da forma como o Supremo indicou: afasta, fica em casa e é julgado”, afirmou Paulo Paim (PT-RS).

Parte do PMDB também não defenderá Aécio Neves. O líder do partido no Senado, Raimundo Lira (PB), disse, nesta segunda-feira (16), ser pessoalmente favorável à votação aberta. Para Roberto Requião (PR), a Casa precisa mostrar agora que não é “complacente com a corrupção”.

Outros senadores também já se posicionaram. Em uma rede social, Ana Amélia (PP-RS) afirmou esperar a votação aberta e anunciou: “Votarei para manter a decisão do STF, pelo afastamento do senador”.

Entenda
Aécio Neves é acusado de corrupção e obstrução da Justiça. Ele teria pedido R$ 2 milhões à JBS e, em troca, atuado para embaraçar as investigações da Lava Jato. O senador nega as acusações e se diz “vítima de armação”.

No último dia 26, o STF decidiu afastar o senador e determinou, por maioria, que o tucano cumpra recolhimento domiciliar noturno. No entanto, na semana passada, a Corte decidiu que o Congresso Nacional precisa dar aval às medidas cautelares impostas por ela. Assim, caberá ao plenário do Senado dar a palavra final no caso.