“Acho que o presidente não gosta de mim”, diz Maia na tevê
Presidente da Câmara dá entrevista na Band e afirma que quer fazer Bolsonaro entender que “o Legislativo tem papel relevante”
atualizado
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Em mais um recado direto ao presidente da República, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na tarde desta quinta-feira (11/07/2019), que deseja um “bom diálogo” com Jair Bolsonaro. “Queremos que o presidente entenda que o Legislativo tem um papel relevante”, afirmou, em entrevista à TV Bandeirantes.
De acordo com Maia, ataques feitos contra a Câmara, o Senado e o Supremo Tribunal Federal (STF), como os ocorridos no primeiro semestre do ano principalmente por apoiadores do presidente, geram instabilidade e não contribuem para a discussão de matérias importantes para o país, como a reforma da Previdência. “Direito de criticar, de vetar, é direito do presidente”, lembrou Maia. “O parlamento tem também a prerrogativa de sancionar ou derrubar o veto”, acrescentou. No entanto, segundo ele, os ataques a estas instituições são prejudiciais.
“Quem organiza a relação com o Legislativo é o Poder Executivo. Nós temos aqui no Legislativo a obrigação de construir consensos”, comentou Maia. Ele lembrou ainda que, além da Câmara, o Supremo tem sido atacado. “Isso é ruim”, disse. “Os radicais nas redes sociais vão continuar a ser radicais, mas há outro ambiente para ampliar o debate.”
“Nunca tinha me ligado”
Maia também foi questionado sobre sua relação com Bolsonaro. “Fui eleito presidente da Câmara, tive outras vitórias importantes, e ele nunca tinha me ligado”, pontuou. “Acho que o presidente não gosta de mim. Mas ontem ele me ligou. Então, agradeço ao presidente. Acho que é importante a ligação, o agradecimento, para mim, em nome dos 379 deputados que votaram pela reforma.”
“Ele é carioca, como eu. Sempre tivemos uma boa relação aqui no plenário, (ele) sempre foi uma pessoa muito alegre, contador de piadas”. Maia disse ainda que ele e Bolsonaro possuem posições diferentes em alguns temas, o que faz parte da democracia. “Naquilo que é mais importante para o Brasil, que é a agenda de reformas, estamos no mesmo lado. É isso que interessa”, acrescentou.
Estado mais eficiente
O presidente da Câmara defendeu ainda que o Estado seja mais eficiente, para melhorar a vida do brasileiro comum. Além disso, afirmou que o parlamento está pronto para “enfrentar todas as agendas para melhorar o Estado brasileiro”.
Ao tratar da aprovação do texto base da reforma na noite de ontem, em votação de primeiro turno, Maia afirmou que o resultado surpreendeu. “Foi uma votação histórica. Demos ontem uma demonstração de responsabilidade e prioridade na pauta”, afirmou.
Disputa por orçamento federal
Na entrevista à TV Bandeirantes, Maia afirmou ainda que a disputa pelo orçamento federal vem de todas as partes – de deputados, prefeitos e governadores – e que isso faz parte do processo democrático.
“É legítimo que prefeitos e governadores estejam aqui (em Brasília) lutando por recursos”, comentou Maia, ao ser questionado se era possível haver aprovação de matéria importante para o país, como a reforma da Previdência, sem o tradicional “toma lá, dá cá” da política. “Também é legítimo que deputados lutem por verbas para suas bases.”
Apenas ontem, o governo liberou cerca de R$ 480 milhões em emendas parlamentares na área de saúde. Os valores se somaram aos R$ 1,135 bilhão que foram liberados na segunda-feira.
Com isso, subiu para R$ 1,613 bilhão o montante autorizado pelo governo para gastos de saúde com recursos de emendas parlamentares desde o início desta semana, em meio aos esforços do governo para garantir a aprovação da reforma na Câmara.
Durante a entrevista, Maia também avaliou que a “nova fórmula de governar sem coalizão é boa para a democracia”. Segundo ele, nos últimos 30 anos muitas vezes o Legislativo transferiu responsabilidades para o governo, por causa da coalizão.