metropoles.com

Ação desdobramento da Lava-Jato volta a império de doleiro de Brasília

Polícia Federal deflagra ação na manhã desta terça-feira (8/12). Um dos alvos são bens do doleiro Carlos Habib Chater e o escritório Raul Canal & Advogados Associados, com sede em Brasília. Ação investiga comércio ilegal de diamantes

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Internet/Reprodução
lavajtos
1 de 1 lavajtos - Foto: Internet/Reprodução

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (8/12) a Operação Crátons, um “filhote” da Lava Jato. Entre os alvos estão propriedades do doleiro Carlos Habib Chater — preso ainda na fase inicial do processo que apura desvios na Petrobras — e o escritório Raul Canal & Advogados Associados, com sede em Brasília e representação em vários estados.

São cumpridos mandados no Distrito Federal e em 10 estados. A ação apura crimes ambientais e o comércio ilegal de diamantes extraídos de terras indígenas em Rondônia.

Ao todo, são 41 mandados de busca e apreensão, 35 de condução coercitiva, três intimações para oitivas, além 11 prisões preventivas decretadas, sendo seis de indígenas e cinco de empresários do garimpo, todas em Rondônia. Foram mobilizados 220 policiais federais.

Os mandados estão sendo cumpridos no Distrito Federal (18) e nos estados de Rondônia, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Mato Grosso e Pará.

A Justiça Federal também determinou o sequestro de um imóvel, bem como do dinheiro encontrado nas contas dos principais investigados para o ressarcimento dos danos ambientais praticados.

De acordo com a PF, os investigadores chegaram ao esquema de comércio ilegal de diamantes a partir de informações do doleiro Habib Chater. Um dos locais onde são feitas as buscas é um hotel no centro de Brasília.

Início da operação
Em entrevista coletiva, o delegado Delegado Regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Cairo Costa Duarte, ressaltou que a operação Crátons é da primeira investigação independente oriunda de provas coletadas na Lava-Jato. “Com o monitoramento de dois envolvidos na Lava-Jato, com grampos telefônicos e registros documentais, pudemos identificar um grupo criminoso que explorava terras indígenas em buscas de diamantes”. O delegado não quis explicitar quem seriam as duas fontes para não atrapalhar a condução das investigações, ainda em andamento durante esta terça.

Com as provas, os policiais conseguiram apurar que uma organização criminosa formada por empresários, advogados, comerciantes, garimpeiros e até indígenas, era responsável por financiar, gerir e promover a exploração de diamantes no chamado Garimpo Lage, localizado no interior da Reserva Indígena Parque do Aripuanã e de usufruto dos indígenas da etnia Cinta Larga.

Delegado Guilherme Guidali estima que área explorada é 30% maior do que em 2004
Delegado Bernardo Guidali estima que área explorada é 30% maior do que em 2004

O esquema
Segundo a investigação, o grupo criminoso pode ser dividido em três eixos. O primeiro é dos financiadores da exploração, entre eles, empresários de Brasília que emprestavam dinheiro para a compra de maquinário, contrato de mão-de-obra e pagamento de outros subsídios para a extração ilegal.

“Pelo que investigamos, o grupo investia cerca de R$ 1 milhão no empreendimento criminoso. Com a venda dos diamantes, recebiam cerca de R$ 6 milhões em um prazo de 90 dias”, afirmou Bernardo Guidali Amaral, responsável pela delegacia especializada em crimes ambientais de Rondônia. O destino dos diamantes e do lucro oriundo deles não foram revelados pelos delegados, uma vez que se trata de uma fase ainda em andamento da operação.

Já em Rondônia, empresários locais eram os responsáveis pela exploração da jazida, parte da mesma área do garimpo Roosevelt, que ficou conhecido em 2004, quando a corrida pelas pedras preciosas acabou na morte de 29 garimpeiros. Apesar das contínuas operações policias no local, estima-se que o espaço explorado tenha crescido pelo menos 30%, segundo dados da própria Polícia Federal. A corporação ainda acredita que 700 garimpeiros estejam envolvidos na exploração ilegal investigada pela Crátons. Cinco desses empresários são alvos de mandado de prisão preventiva.

Índios que ocupam a região também são parte do esquema. Seis caciques da etnia Cinta-Larga estão entre os presos da operação. Eles são acusados de contribuir para exploração, dando permissão para o acesso aos terrenos e até mesmo gerirem parte das atividades no local. A PF também identificou a participação de uma cooperativa e de uma associação indígena na extração ilegal dos diamantes.

Os investigados responderão pelos crimes de extração de recursos minerais sem autorização do órgão competente, dano a unidade de conservação, usurpação de bem da união, receptação, organização criminosa, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

O nome dado à operação faz referência às estruturas geológicas que dão origem à formação dos diamantes, chamadas de “crátons”.

Aguarde mais informações

Os mandados
Distrito Federal:
9 conduções e 9 buscas
São Paulo: na cidade de Piracicaba (1 condução)
Rio de Janeiro: na cidade do Rio de Janeiro (2 Conduções)
Minas Gerais: nas cidades de Belo Horizonte (1 condução e 1 busca), Francisco Sá (1 condução e 1 busca) e Araxá (1 Condução)
Paraná: na cidade de São José dos Pinhais (1 Condução)
Rio Grande do Sul: na cidade de Rio Grande (1 intimação)
Bahia: na cidade de Lauro de Freitas (1 condução e 1 busca)
Mato Grosso: nas cidades de Juína (1 Condução e 1 busca) e Jaciara (1 Condução e 1 busca)
Pará: nas cidades de Tucumã (1 Condução e 1 busca) e Santarém (1 Condução e 1 busca)
Rondônia: nas cidades de Porto Velho (1 Condução e 1 busca), Ariquemes (1 condução e 1 intimação), Ouro Preto do Oeste (1 condução e 1 busca), Machadinho do Oeste (1 condução), Espigão do Oeste (8 prisões, 3 conduções, 15 buscas e 1 intimação) e Cacoal (3 prisões, 6 conduções, 8 buscas e 1 intimação)

Histórico
Em fevereiro deste ano, Lilian Tahan, diretora de redação do Metrópoles, à época na revista Veja Brasília, traçou um perfil completo do doleiro Carlos Habib Chater, personagem central da Lava Jato, embora tratado como coadjuvante enquanto o foco da operação recaia em Alberto Yousseff.

Confira a matéria completa aqui.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?