A relação de Rodrigo Maia e Eduardo Paes: de “ingrato” a aliado da vez
Ex-prefeito do Rio trocou o MDB pelo DEM e se reaproximou do presidente da Câmara, com quem teve contradições e polêmicas
atualizado
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Na última sexta-feira (64), o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes trocou o MDB pelo DEM. Na nova legenda, reencontrará o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o pai dele, o ex-prefeito e atual vereador carioca Cesar Maia – com quem Paes deu seus primeiros passos na vida pública.
Acompanhado por Pedro Paulo, deputado federal e candidato derrotado à prefeitura do Rio em 2016, Paes chega ao DEM após a prisão da cúpula do MDB fluminense, que esteve a seu lado nas eleições vencidas por ele, e recorrendo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de decisão judicial que o tornou inelegível por 8 anos. O reencontro, às vésperas das eleições, é mais um capítulo em uma relação marcada por contradições.
“[Paes] É um político que nega seu passado, é ingrato. Não tenho nada a elogiá-lo”
Rodrigo Maia, então candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo DEM, em setembro de 2012, ao portal SRZD
Em 2012, Maia foi derrotado por Paes nas eleições municipais (teve apenas 2,94% dos votos). Após um dos debates, disse existir uma “distinção entre o Rio de verdade e o Rio de mentira que aparece na propaganda do Eduardo”. Quando afirmou que o ex-prefeito negava seu passado, o atual deputado fez menção ao fato de Paes ter iniciado a carreira política com o apoio de Cesar Maia.
Eduardo Paes começou a vida pública como subprefeito da Zona Oeste, nomeado em 1993 por Cesar Maia. Ficou no cargo até 1996. No segundo mandato do prefeito, se tornou secretário de Meio Ambiente, entre 2001 e 2002 – chegou a dizer: “Maia foi o melhor prefeito que o Rio já teve”. Mas em 2008, quando concorreu e venceu a corrida pela prefeitura do Rio pela primeira vez, criador e criatura romperam relações.
Em 2012, ano em que Rodrigo Maia perdeu a disputa pela prefeitura, Cesar se tornou vereador com a promessa de ser um fiscal da gestão de Paes. Durante o mandato, chegou a chamar o ex-pupilo de “cachorro morto”, ironizando suas pretensões eleitorais.
Em 2014, um acordo reaproximou PMDB e DEM: Cesar Maia se tornou candidato ao Senado na chapa que buscava a reeleição de Luiz Fernando Pezão ao governo do Rio – e era apoiada por Paes. Mas isso não aproximou mestre e pupilo, pelo contrário. Com a entrada do DEM – alinhado ao PSDB na eleição presidencial – na coligação, se fortaleceu no Rio o movimento pregando voto em Pezão e Aécio Neves. Paes foi duro e emitiu nota dizendo que a aliança representava um “bacanal eleitoral”, pois o PMDB apoiava Dilma Rousseff (PT).
Em dezembro de 2017, mais um capítulo da conturbada relação da família Maia com Eduardo Paes. Em entrevista à BBC, Cesar disse ser “muito difícil” manter proximidade com o ex-PMDB, mas destacou: Paes e Rodrigo são “muito amigos”. “Eu deixei de ser. O Eduardo Paes está exageradamente calado num momento em que aconteceu o que aconteceu com o grupo diretivo do PMDB do Rio”, declarou Cesar Maia. Procurado, ele não retornou.