“A PF agora tem um bom comandante”, diz Bolsonaro dias após depoimento
Na última quarta-feira (3/11), Bolsonaro prestou depoimento sobre suposta interferência na Polícia Federal, pivô da demissão de Sergio Moro
atualizado
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Durante agenda em Ponta Grossa (PR), nesta sexta-feira (5/11), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que a Polícia Federal (PF) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública agora têm bons comandantes. A PF é subordinada à pasta hoje chefiada por Anderson Torres. O atual presidente da corporação é o delegado Paulo Maiurino.
Na fala, Bolsonaro comentava a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, de reabrir o caso da tentativa de assassinato a faca sofrida por ele em 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
“Falando em facada, vai ser reaberto o processo. Agora, nós vamos ter quebra de sigilo telefônico, fiscal, imagens, vamos chegar realmente ao fim da linha. Foi da cabeça dele aquela tentativa ou não? Eu acho que não, até pela estrutura que ele tinha junto de si.
Então, Bolsonaro falou sobre o novo chefe da PF. “Agora, a Polícia Federal tem um bom comandante, temos um bom ministro da Justiça, diferente lá do passado. E não queremos a verdade por revanchismo. A verdade pela verdade”, disse o presidente.
A declaração ocorre dias após o mandatário prestar depoimento à Polícia Federal no inquérito que apura suposta intervenção política na corporação. A oitiva foi realizada na noite de quarta-feira (3/11), em Brasília.
O depoimento ocorreu após determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). O prazo era de 30 dias e terminava em 7 de novembro.
Inquérito
A forma do depoimento travou a oitiva. Bolsonaro tentou prestar informações por escrito, mas posteriormente voltou atrás. Esse é um dos últimos andamentos do inquérito.
A investigação começou após o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro apontar que o presidente o pressionava para substituir o diretor-geral da corporação, à época Maurício Valeixo, além da coordenação da Polícia Federal no Rio de Janeiro — reduto eleitoral de Bolsonaro.
Segundo Moro, o presidente queria um aliado e exigia acesso a relatórios sigilosos da corporação. O caso foi motivo de crise e ocasionou o pedido de demissão do então ministro da Justiça, em abril de 2020.
Agora, a Polícia Federal deverá remeter o inquérito ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a quem cabe decidir sobre eventual denúncia contra o chefe do Executivo nacional.