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A indígenas Lula critica guerras, cobra ricos e é visto como líder

Presidente eleito, Lula se reuniu com lideranças indígenas dos sete continentes em Sharm El-Sheikh, no Egito, onde participa da COP27

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O presidente eleito Lula discursa em púlpito na COP27, no Egito. Ele fala diante de microfone - Metrópoles
1 de 1 O presidente eleito Lula discursa em púlpito na COP27, no Egito. Ele fala diante de microfone - Metrópoles - Foto: Christophe Gateau/picture alliance via Getty Images

Enviado especial a Sharm El-Sheikh – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu-se, nesta quinta-feira (17/11), com lideranças dos povos indígenas dos sete continentes. O petista foi chamado de herói e de líder.

Em discurso, Lula defendeu a preservação do meio ambiente, criticou países ricos e gastos exarcebados com guerras e afirmou ter vontade para representar os povos indígenas em todo o mundo. “Assumir o compromisso de representar os povos indígenas é uma coisa que eu não tenho tamanho para isso — eu tenho vontade”, afirmou o próximo presidente brasileiro.

Lula está em Sharm El-Sheikh, no Egito, onde participa da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27).

Participaram do encontro as deputadas federais eleitas Sônia Guajajara (PSol-SP) e Célia Xakriabá (PSol-MG); a deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR); Elcio Machineri, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab); Hindou Oumarou Ibrahim, co-presidente do Fórum Internacional de Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas; além de representantes dos povos indígenas da África, Ásia, Ártico, Pacífico, América do Norte, América Latina e Caribe e Europa Ocidental e Rússia.

“Quando se reúnem os presidentes dos países ricos, as pessoas pobres não existem, os indígenas não existem, os negros não existem, a periferia não existe. Esse não é um assunto levado para a discussão”, destacou Lula, que disse jamais ter feito uma reunião tão significativa como essa ao longo da vida política.

Lula voltou a prometer a criação do Ministério dos Povos Originários, além de saúde pública especial para os povos indígenas.

“Eu fico muito, muito preocupado quando eu vejo meia dúzia de pessoas ricas tentando inventar foguete, gastando milhões de dólares para sobrevoar o espaço quem sabe à procura de um lugar para viver porque acha que a Terra já não é compatível com o dinheiro que ele tem, quando, na verdade, parte do dinheiro que ele gasta para fazer isso poderia investir para que a gente tivesse mais dinheiro para fazer mais conservação e melhorar as vidas das pessoas”, acrescentou.

O petista também questionou, retoricamente, quantos trilhões de dólares são gastos com a guerra e com armas.

“Não é só preservar. O que nós queremos saber também é quanto vão nos pagar para a gente cuidar do planeta Terra, que muita gente não cuidou como poderia cuidar”, criticou o petista.

Liderança

Antes da fala de Lula, os indígenas o convocaram a liderar a luta e fizeram apelos ao presidente eleito do Brasil.

“O senhor é a estrela da COP27. O senhor, como líder, pode demonstrar a outros líderes, como o primeiro-ministro do Canadá e o Joe Biden, dos Estados Unidos, para assumir um papel de liderança dos povos indígenas do mundo inteiro. Precisamos fazer parte dessas discussões sobre perdas e danos”, afirmou Chief Terry Teegee, representante dos povos indígenas da América do Norte.

“O mundo estava esperando Lula, e ele está aqui. Agora, o mundo quer ouvir a sua comunicação direta com os povos indígenas, a sua proposta de mudar esse mundo ao lado dos povos indígenas”, acrescentou Harol Ipuchima, da América Latina e do Caribe.

“Esperamos que o senhor assuma a liderança mundial. Contamos a sua forte liderança para colocar adiante uma solução real para as mudanças climáticas e para os direitos dos povos indígenas do mundo inteiro”, afirmou Jennifer Lasimbang, representante dos povos indígenas da Ásia.

“Queremos a desmilitarização do Pacífico, pois estamos no meio do conflito”, pediu Kera Sherwood-O’Regan, do Pacífico. “Precisamos dos seus esforços para minimizar a crise climática”, acrescentou Rodion Sulyandziga, da Europa Ocidental e da Rússia.

“Os impactos das mudanças climáticas são exagerados no Ártico, onde as geleiras costumam ceder. É imperativo que seja tomada uma ação imediata para preservar o Ártico, o que está diretamente relacionada à preservação da Floresta Amazônica brasileira”, defendeu Brian Pottle, que representa os indígenas do Ártico.

Viagem à COP27

Lula chegou a Sharm El-Sheikh na madrugada dessa terça-feira (15/11), horário local (noite de segunda-feira, 14/11, em Brasília). Ele viajou à cidade-sede da COP27 em um jatinho do empresário José Seripieri Junior, fundador da Qualicorp e delator na Lava Jato.

O petista foi convidado publicamente pelo presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, para participar do evento climático.

Na terça, Lula teve encontros bilaterais com autoridades do clima dos Estados Unidos, da China e da Espanha. Ele também falou com o presidente do Egito e se reuniu com senadores que participam da COP27, incluindo o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), com quem conversou reservadamente.

Nessa quarta-feira (16/11), Lula participou de um evento com governadores da Amazônia. O presidente eleito disse que vai pedir para o secretário-geral da ONU, António Guterres, para que a COP30 seja realizada no Brasil, mais especificamente na Amazônia. O evento ocorrerá em 2025.

Guterres e Lula se reúnem nesta quinta.

Mais tarde, Lula falou na “blue zone” da COP, onde ocorrem as negociações. O presidente eleito afirmou que seu governo vai priorizar o combate às mudanças climáticas, cobrou recursos de países ricos e propôs aliança global pelo fim da fome. “Nós precisamos de uma governança global, sobretudo na questão climática. Precisamos de um fórum multilateral para que as decisões sejam cumpridas nos países. É por isso que estou aqui”, disse.

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Na manhã desta quinta, Lula reuniu-se com representantes da sociedade civil, do Brazil Hub. O petista criticou o atual governo e prometeu retomar conferências nacionais para ouvir a população. Também disse que é preciso pensar em responsabilidade social, não somente em responsabilidade fiscal. Segundo ele, o teto de gastos tira dinheiro de áreas como saúde, educação, ciência e tecnologia e cultura.

*O repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade (ICS)

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