A grande família Bolsonaro: candidato ganha “parentes” nas eleições
Saiba quem são os políticos que resolveram usar o sobrenome do presidenciável no registro de candidatura do TSE
atualizado
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A fama do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) é inquestionável. O candidato lidera as pesquisas de intenção de voto e viu a sua sigla ganhar quatro vezes mais filiados do que as demais. Essa popularidade, no entanto, vai além. Pelo menos seis postulantes a cargos eletivos adotaram o sobrenome do militar da reserva no registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O Metrópoles consultou as contas eleitorais entre deputados estaduais, federais e distritais registrados até 16/8 e encontrou novos “parentes” de Bolsonaro: Deilson, Gildo, Emerson, Kelly, Hélio e Valeria – esta com o sobrenome em seu documento – somam-se ao próprio Jair e seus filhos Eduardo, Carlos e Flávio, aumentando o nome nas urnas. No caso de Emerson, no entanto, há uma modificação: ele se intitula Emerson, o Bolsomaritano.
Com exceção de Kelly Bolsonaro, filiada ao PRP no Distrito Federal, todos os outros novos membros da “grande família” juntaram-se ao Partido Social Liberal (PSL) para o pleito que se aproxima.
Nas redes sociais, os candidatos ostentam fotos com Jair Bolsonaro, a fim de referendar e sustentar os nomes ao pleito. Os compartilhamentos de vídeos, fotos e discursos do presidenciável também são constantes entre os novos “membros do clã”, além de ataques e publicações negativas sobre adversários do político.
Veja os candidatos que adotaram o sobrenome Bolsonaro nas urnas:
Bolsonaro desde 2014
Kelly Bolsonaro ganhou o noticiário em 2016. Durante evento no Palácio do Planalto, ela invadiu o evento Encontro com Mulheres em Defesa da Democracia, vestindo uma camisa com os dizeres “Impeachment é democracia”, mas acabou expulsa por seguranças. Kelly disse à época ter sido hostilizada e agredida pelos presentes. Hoje, em contato por telefone, reforçou: “Não houve democracia ali”.
A agora candidata participou de outros atos. Em fevereiro de 2016, gritou palavras de ordem contra a então presidente Dilma Rousseff (PT). No ano anterior, fez parte do grupo pró-impeachment que ficou algemado no Congresso.
Ainda em 2016, Kelly Bolsonaro foi alvo de denúncia no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Ela é suspeita de ter organizado um ato de extrema-direita que teria entrado em conflito com estudantes na Universidade de Brasília (UnB). “Estávamos lutando por direito de outros alunos, que não os de esquerda. Foi aberto um processo contra mim, mas acabou arquivado”, garante.
Segundo Kelly, no entanto, o vínculo ao sobrenome do parlamentar do PSL nasceu em 2014. Ela disse que, por sempre defender as pautas do deputado e seu posicionamento, acabou virando a “Kelly Bolsonaro”. O que era para ter sido uma imagem negativa, segundo ela, tornou-se um escudo. “Fui oprimida pela esquerda de Brasília. Não aceitavam o contraditório e passaram a me chamar assim, achando que era uma ofensa para mim. Mas não é. Isso se tornou uma grande honra”, orgulha-se.
A postulante a distrital afirma também que Jair Bolsonaro tem conhecimento do uso de seu sobrenome por ela e não há problema. “Não uso só pela candidatura, porque sou conhecida por esse nome. Não é só para ganhar voto. Tem pessoas que me apoiam e não vão votar nele, e vice-versa também”, complementa.
A reportagem tentou contato com os outros candidatos, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto.
Para Alexandre Bandeira, mestre em administração pela UnB, especialista em política e diretor da Strattegia Consultoria, o artifício de utilizar a alcunha de um parlamentar conhecido é visto como uma carona positiva. “Funciona. No processo eleitoral, principalmente neste, que será muito curto, a escolha não é científica, ela é muito mais emocional e de memória”, explica.
Segundo Bandeira, é muito mais fácil escolher alguém com linhagem. “No mercado, o sobrenome abre portas. Na política, facilita a aproximação entre eleitor e candidato. Acaba por ser um puxador de voto. Não é uma transferência vertical, mas ajuda”, complementa, ao lembrar casos das famílias Roriz, Sarney e Barbalho. “O eleitor acaba por achar que tem uma vinculação entre o candidato e o sobrenome. É uma carona”, finaliza.