“A gente não tem que ser mendigo”, diz Mourão sobre Cúpula do Clima
O vice-presidente afirmou que o Brasil “tem responsabilidades” e que o desmatamento da Amazônia responde por “só” 1,2% da emissão de gases
atualizado
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Presidente do Conselho da Amazônia Legal, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou, nesta segunda-feira (19/4), que o Brasil “não pode ser mendigo” em relação à participação do país na Cúpula do Clima, na próxima quinta-feira (22/4).
“A tendência sempre é essa. A gente não tem que ser mendigo nisso aí, vamos colocar a coisa muito clara, nós temos as nossas responsabilidades. O Brasil é responsável só por 3% das emissões, desses 3%, 40% é o desmatamento, ou seja 1,2% do que se emite no mundo é responsabilidade do desmatamento nosso”, argumentou o general.
Mourão sugeriu outros meios de o país conseguir apoio financeiro para combater o desmatamento na Amazônia, para não depender apenas do discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na cúpula. Segundo o general, as instituições e os países que querem contribuir também podem fazer isso por meio do Fundo Amazônia.
“Então, temos que fazer nossa parte no Acordo de Paris, e o resto é, por exemplo, se quiserem trazer recurso. O Fundo Amazônia admite doações. Entes privados e públicos podem aderir a ele, é só olhar o que é o projeto do fundo e dizer ‘eu concordo e vou botar meu recurso aí para projetos de desenvolvimento na área de bioeconomia, por exemplo'”, sugeriu Mourão.
O vice-presidente ainda comentou a participação do Brasil na cúpula. “É um país que tem mais de 60% do seu território de cobertura vegetal original. Não queimamos petróleo e carvão como os demais países. Ou seja, temos uma matriz energética que é limpa, renovável. A gente tem lugar certo na mesa de conversa sobre mudança de clima. Sendo feito [o discurso] com olho no olho e mostrando a nossa determinação, acho que convence”, opinou.
Noruega
Na sexta-feira (16/4), o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Sveinung Rotevatn, afirmou à BBC News, ao comentar declaração de Ricardo Salles, que prometeu reduzir o desmatamento da Amazônia entre 30% e 40% em um ano se o país receber capital estrangeiro, que falta vontade política ao Brasil.
“A Noruega e outros países enfatizaram em conversas recentes com o Brasil que a comunidade internacional está preparada para aumentar o financiamento assim que o país apresentar resultados na redução do desmatamento. É uma questão de vontade política, não de falta de financiamento adiantado”, disse Rotevatn.
Mourão, no entanto, discordou do ministro do Meio Ambiente brasileiro e afirmou que “não é me dá x que eu resolvo a questão”.
“Converso sempre com o embaixador da Noruega, e nós estamos avançando para destravar o Fundo Amazônia. Qualquer recurso que vier de fora, vai ter que ser feito algum tipo de manobra ou com autorização do Congresso ou junto ao Tribunal de Contas da União, porque o recurso impacta o teto de gastos, a não ser que ele seja aplicado diretamente nos estados, tem algumas dificuldades”, explicou.