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A conta-gotas: como Alckmin perdeu aliados e suas chances de 2° turno

Tucano traçou caminho para chegar à Presidência, mas foi surpreendido por traições e por Bolsonaro, que conquistou seu eleitorado direitista

atualizado

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1 de 1 AlckminUnicef - Foto: Michael Melo / Metrópoles

Quando o ex-governador do estado de São Paulo Geraldo Alckmin foi confirmado como candidato à Presidência da República pelo PSDB, há pouco mais de dois meses, a expectativa do presidenciável e de seus apoiadores era recolocar os tucanos novamente no centro do poder em Brasília. Naquela época, Alckmin já havia traçado na cabeça todo o trajeto que iria realizar até 7 de outubro para conseguir chegar ao segundo turno das eleições.

Após enfrentar resistências internas dentro do próprio partido para participar da disputa, Geraldo Alckmin sabia que esta eleição era a sua última chance de comandar o Palácio do Planalto e, por isso, estava disposto a pagar o preço e fazer as alianças necessárias para alcançar o objetivo. Assim, no dia 4 de agosto, data da convenção nacional do PSDB, o presidente da legenda chegou com uma carta e tanto na manga: o apoio do Centrão – bloco de partidos formados por PP, DEM, PRB, Solidariedade e PR.

No entanto, de lá para cá, nada mais saiu como o planejado, pelo contrário. Dia após dia, o tucano viu suas estratégias de campanha serem alteradas, todas sem surtir efeito nas intenções de voto do eleitor. No meio do caminho apareceu ainda uma facada em Jair Bolsonaro (PSL), com quem disputava a parcela direitista do eleitorado. Resultado: Alckmin não pôde continuar com o discurso de ataque contra o adversário e permaneceu durante o mês de agosto com menos de dois dígitos nas principais pesquisas.

Assim, quando o programa eleitoral entrou no ar, no dia 31 de agosto, o ex-governador paulista resolveu se jogar de cabeça naquela que era a sua última chance de crescer diante do eleitorado. Atendendo a pedidos dos marqueteiros, Geraldo Alckmin mudou sua maneira de falar para parecer mais simpático e menos técnico na TV, lançou um jingle onde afirmava ser “cabeça e coração” e passou a bater na tecla do voto útil. O problema é que o tempo passou a correr contra o candidato.

Em meados de setembro, Alckmin partiu para o tudo ou nada. De forma oficial, dizia à imprensa que “eleição só se decide nos últimos 15 dias antes da votação”. Mas, enquanto isso, o presidenciável aparecia abatido nos compromissos de campanha. Afinal, além de precisar lidar com o baixo índice de intenções de voto, o tucano passou a ser traído não só pelos outros partidos da coligação como também pelos próprios correligionários. Nos últimos dias, a luta pela manutenção do apoio já conquistado passou a fazer parte da agenda diária do candidato.

Traições a conta-gotas
Os primeiros a abandonarem o barco de Alckmin foram os governadores do próprio PSDB, ainda em setembro. Nos estados, muitos políticos em busca de reeleição optaram por não tocar no nome do presidenciável em seus palanques, outros fizeram propaganda para o tucano e para Bolsonaro ao mesmo tempo – por exemplo, Pedro Taques (MS) e Reinaldo Azambuja (MS) (veja na linha do tempo abaixo).

Depois, o presidente do Partido Progressista, Ciro Nogueira, deixou a aliança de lado. Candidato à reeleição como senador pelo Piauí, ele preferiu se aliar ao PT, que é forte no estado, mesmo com Ana Amélia, também do PP, sendo vice na chapa de Alckmin. O mesmo caminho tomou o senador Armando Monteiro (PTB), em Pernambuco.

Questionado no decorrer da campanha sobre as traições de seus então aliados, o presidenciável do PSDB disse que “quem optou por apoiar outros candidatos ao Planalto o fez por instinto de sobrevivência”. Porém, um dos piores momentos foi quando o peessedebista Arthur Virgílio Neto, prefeito de Manaus (AM), atacou abertamente o ex-governador de São Paulo. “Não vejo nenhuma chance de vitória dele. Não tenho como apoiá-lo. Alckmin não é uma pessoa confiável aos olhos do eleitor do Amazonas”, afirmou.

 

Já no início de outubro, um golpe final derrubou qualquer esperança que Geraldo Alckmin ainda tinha. Na última terça-feira (2/10), a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) declarou apoio ao candidato Jair Bolsonaro. Atualmente, o grupo de deputados e senadores é presidido pela deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS). O PSDB não conseguiu segurar o bloco, apesar da influência tucana do ex-presidente Nilson Leitão (MS).

Ainda nesta semana, Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, criticou a decisão do Centrão de ter apoiado o PSDB e disse que a legenda tucana “emperrou a candidatura” de Geraldo Alckmin. Desde o início, ele defendeu que o bloco de partidos estivesse ao lado de Ciro Gomes (PDT), mas foi vencido pela vontade da maioria. Na quarta-feira (3), o ex-chefe de gabinete de Fernando Henrique Cardoso no Palácio do Planalto, Xico Graziano, deixou o partido para aderir à campanha de Bolsonaro.

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