À Band, Bolsonaro desdenha chances de perder eleição: “Só na fraude”
Em entrevista, candidato do PSL disse desconfiar de alguns profissionais que trabalham no TSE. Para ele, fraudar pleito é “plano B de Lula”
atualizado
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O candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, concedeu entrevista a José Luiz Datena, da TV Bandeirantes (Band), nesta sexta-feira (28/9). Ele recebeu a equipe no quarto do hospital paulista Albert Einstein, onde está internado desde o dia 8, recuperando-se de duas cirurgias às quais foi submetido após sofrer um atentado. Conforme disse, mesmo estando afastado das ruas, o presidenciável não aceita um resultado diferente do que vencer as Eleições 2018.
Segundo o deputado federal, só há uma chance de ele perder estas eleições e o PT voltar ao Palácio do Planalto: “Só [se for] na fraude”. Ele também falou sobre política, preconceito, segurança, polêmica com a ex-mulher e deu sua versão sobre o ataque sofrido em Juiz de Fora (MG) quando cumpria agenda de campanha. “Eles [os responsáveis pelo ataque] não conseguiram o seu objetivo. Eu não quero acusar ninguém. Se estão fazendo isso comigo, é sinal que eu sou diferente deles”, afirmou Bolsonaro.
Nesta tarde, a Polícia Federal divulgou a conclusão do primeiro inquérito sobre o crime: Adélio Bispo de Oliveira, 40 anos, premeditou o atentado e agiu sozinho.
Durante todo o tempo em que permaneceu internado, contou o presidenciável, Bolsonaro pensava em se recuperar e voltar a participar ativamente da campanha eleitoral. “Segundo os médicos que me atenderam, eu estou vivo por milagre. Foi uma facada de profissional. Ele cravou e rodou [a faca]. Mas eu estava querendo levantar da cama e quero disputar as eleições. Estou com mais gás do que quando aconteceu o episódio”, garantiu.
Desde que sofreu o ataque, o candidato do PSL havia concedido entrevista apenas duas vezes, ao jornal Folha de S.Paulo e ao comentarista Augusto Nunes, da Jovem Pan. À Folha, ele falou por breves quatro minutos ao telefone de seu quarto no hospital. Já Nunes foi ao encontro do deputado federal. A entrevista desta sexta foi a terceira dada por Bolsonaro após o ocorrido. Segundo o último boletim médico, Bolsonaro tem previsão de alta para este final de semana, o último antes do primeiro turno das Eleições 2018.
Veja outras declarações do candidato a Datena:
Sobre a internação:
“Quando fui submetido a uma nova cirurgia, o mundo desabou em cima de mim. Eu estava começando a querer levantar da cama. Eu sempre pensei, né, vou ter que sair dessa e quero disputar as eleições. Estou andando com firmeza, conversando melhor até. Segundo os médicos que me atenderam, eu estou vivo por milagre. Foi uma facada de profissional. Ele cravou e rodou [a faca]. Mas eu estava querendo levantar da cama e quero disputar as eleições. Estou com mais gás do que quando aconteceu o episódio.”
Sobre retomar agenda de campanha:
“Se eu levar um esbarrão, pode regredir muita coisa. Pretendo participar [da campanha], não da forma como estava, tão exposto ao público. Um pouco afastado, com mais segurança. Estou em condições de participar de debates, sim.”
Segundo turno:
“Da minha parte, não há violência nenhuma. O povo está conosco. Isso não acontece do outro lado. A grande surpresa positiva virá de dentro do Nordeste. Não haverá segundo turno e nós vamos surpreender com a porcentagem de votos no Nordeste.”
Vice, general Mourão:
“Ele tem suas posições, expõe, mas as as consequências não são medidas. Eu falei claramente que o 13º [salário] está previsto na Constituição. [A declaração do vice, pelo fim do 13º] Demonstra desconhecer a Constituição e agride o trabalhador. Eu falei para ele ficar quieto. Ele não defendeu [o fim do benefício], só falou que era uma ‘jabuticaba’, mas deu a entender [que queria o fim]. Eu já tinha advertido: até as eleições, o senhor não fala mais nada.”
Sexismo:
“Isso [declarações contra as mulheres] são meias verdades. A questão de mulheres, por exemplo. Eles colocam a imagem da Maria do Rosário, que estava defendendo um estuprador e homicida. Ela falou ‘vou te dar na cara’, e no momento eu falei ‘se você me der, vou ser obrigado a te dar outro [tapa]’. Um rótulo que colocaram em mim. Inventam essas questões e botam para fora. Mentira. Meu tratamento com as mulheres é o melhor possível. Querem manipular, como se as mulheres fossem manipuláveis. Isso não existe. A mulher é importante. Conseguiu sua autonomia. Quando fala em salário, está previsto na CLT que mulheres e homens têm que ter salário parecido.”
Denúncias da ex-mulher:
“Eu não tenho problema com mulheres. A minha primeira ex-mulher me trata muito bem. A segunda que teve um probleminha, [mas] está tudo bem. Ela mesma desmente muita coisa. Cotoveladas acontecem de ambas as partes. Ela diz [as coisas] com sangue quente, fala coisas que não existem.”
Paulo Guedes, guru econômico:
“Eu não posso mais participar de debates, porque pegam parte do que eu falo e distorcem.”
Golpe militar:
“Zero chances [de acontecer um].”
Possibilidade de perder eleições:
“[O ex-ministro] Zé Dirceu acabou de declarar que eles vão ganhar as eleições e vão assumir o poder. O recado está dado. O PT ganhar eleições, só [se for] na fraude. Não existe outra maneira. O plano B do Lula é a fraude eleitoral. Em que nós confiamos aqui no Brasil? Nada. Estou desconfiando de alguns profissionais dentro do TSE.”
“Quando PT, Haddad e até o Lula iam para as ruas, eles eram vaiados. Os votos de Lula não vão para o Haddad. Eu transfiro para meus filhos 20% dos meus votos, e olha que sou bem relacionado. É um absurdo o que está acontecendo, uma idolatria pelo Lula. O Haddad é um poste do Lula. O PT é caminho para a ‘venezualização’. O grande problema do PT é a sede do poder. Dilma Rousseff tomava decisões usando a inteligência cubana.”
Segurança pública:
“Hoje, o policial, se não atira, vai para o cemitério. Se atira, vai para a cadeia. O bandido sabe disso, então assalta com uma tranquilidade tremenda. Eu quero dar posse de arma para o cidadão de bem. Não tem outro caminho. O Brasil está caminhando para o caos.”