Vídeo: de arma em punho, PM aborda grupo com vereadora do PT
Em vídeo, Juliana Cardoso (PT-SP) narra abordagem enquanto se dirigia para acompanhar a liberação dos ativistas Preta e Sidney Ferreira
atualizado
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A vereadora por São Paulo (SP) Juliana Cardoso (PT) denunciou, em suas redes sociais, ter sido alvo de abordagem “truculenta” da Polícia Militar de São Paulo (PMSP) na tarde desta quinta-feira (10/10/2019). Segundo a parlamentar, no momento da ação policial, ela acompanhava familiares do ativista e educador Sidney Ferreira, preso desde o fim de junho acusado de extorquir famílias para morar em um edifício que desabou na capital paulista no ano passado.
O educador e sua irmã, a cantora Preta Ferreira, que também estava presa, conseguiram habeas corpus emitidos pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e responderão ao processo em liberdade. Ambos são ligados ao Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC) – o prédio que caiu estava ocupado pelo Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM).
Em um vídeo publicado na sua página do Facebook, ela disse que os familiares de Sidney passaram na Câmara Municipal para que ela fosse com eles até o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros para conseguir mais rapidamente a liberação do educador. Ela sustenta ainda que a abordagem foi “direcionada” e que os policiais estariam atentos a placas de familiares de Preta e Sidney.
“Na hora que eles saem do tribunal e passam aqui para me pegar, já começaram a ser seguidos pela polícia. (…) Estava muito organizada essa abordagem, só que eles não tinham ideia que eu estava com eles. Quando tem essa abordagem, a gente sai do carro, eu me identifico, digo que sou vereadora, que não precisava estar numa atuação tão violenta, com arma em punho, direcionada pro meu rosto e para outras pessoas que estavam conosco e ele diz que não interessava”, narra.
Em um vídeo que circula no Twitter, é possível ver um policial de arma em punho e, apontando para o grupo da vereadora, mandando que eles colocassem as mãos na parede. Diante da resistência deles, que questionam o porquê da abordagem, um outro policial anuncia que pedirá reforços. “Para vocês terem uma ideia, em cinco minutos, chegaram seis viaturas ao local, cada uma com quatro policiais”, sustenta a vereadora.
Abordagem truculenta da polícia contra vereadora Juliana Cardoso do PT-SP.
Perseguição deliberada contra políticos de esquerda. pic.twitter.com/xlnMon1etD
— Mateus Ferreira (@mateusfgoias) October 10, 2019
O episódio durou três horas, de acordo com o relato dela, e só terminou depois da chegada dos também vereadores Eduardo Suplicy (PT) e Alfredinho, líder do PT na Câmara. “Acionei a Câmara Municipal através do presidente para poder verificar e ver se poderiam ir me ajudar nessa abordagem policial truculenta”, acrescenta.
“O que fica, na minha opinião: o quanto a gente está vivendo em um momento muito intenso e o tempo todo a gente está sendo monitorado. Essa ação truculenta foi direcionada para pegar mais uma vez militantes que são vinculados ao movimento de moradia, mas a gente não se assusta”, declara ela. “Claro que eu vou fazer toda a atuação, boletim de ocorrência, é até de uma certa forma uma proteção.”
Em resposta ao Metrópoles, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que “a abordagem foi realizada de acordo com as situações previstas nos procedimentos” e que, sem constatar nenhuma irregularidade quanto à vereadora, a liberaram. Eles dizem ainda que o condutor não estava habilitado e o automóvel, com licenciamento vencido. Por causa disso, tanto o motorista quanto a proprietária do veículo foram encaminhados ao 11º Departamento de Polícia para registro de ocorrência.
Confira a nota da SSP:
Nota à Imprensa
A Polícia Militar informa que a abordagem foi realizada de acordo com as situações previstas nos procedimentos e protocolos operacionais indicados a uma ação policial.
Durante as verificações de rotina foi constatado que o condutor não era habilitado e que o automóvel estava em situação irregular – licenciamento vencido. Diante da infração e crime de trânsito verificados, o motorista e a proprietária do automóvel foram conduzidos ao 11ºDP para o registro da ocorrência.
Não foi verificado nenhum ilícito em relação à parlamentar e aos demais passageiros, sendo todos liberados.
A corregedoria da corporação está à disposição de qualquer cidadão para registro e apuração de eventuais queixas quanto à conduta dos policiais militares.