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Viagens ao exterior: governo gastou R$ 150 mi no primeiro ano

O (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, mapeou 142 viagens dos ministros de Bolsonaro no ano passado

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Aeronave KC-390 Jair Bolsonaro – aviao FAB
1 de 1 Aeronave KC-390 Jair Bolsonaro – aviao FAB - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O governo federal gastou R$ 149,6 milhões em viagens internacionais durante o primeiro ano de mandato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O índice é 28% menor na comparação com o último ano do ex-presidente presidente Michel Temer (MDB) à frente do Palácio do Planalto, quando o montante chegou a R$ 208,7 milhões, em 2018.

(M)Dadosnúcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, mapeou as viagens dos ministros de Bolsonaro no ano passado, com base em prestações de contas publicadas pelo Portal da Transparência.

Ao todo, foram 142 deslocamentos. Somente os chefes de ministério foram responsáveis pelo gasto de R$ 1.685.915,83 aos cofres públicos. Neste panorama, o ministro que mais viajou foi o chanceler Ernesto Araújo, titular do Ministério das Relações Exteriores. Ele embarcou rumo a destinos internacionais 26 vezes no ano.

A sequência do ranking é composta pelos ministros da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, o astronauta Marcos Pontes, e de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque. Os três viajaram 11 vezes cada.

As duas únicas mulheres do governo Bolsonaro a chefiarem ministérios guardam também a coincidência de terem viajado o mesmo número de vezes. Tereza Cristina, da Agricultura, e Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos, saíram do Brasil 10 vezes cada uma.

O (M)Dados também listou os três ministros que mais gastaram com viagens internacionais. Marcos Pontes lidera o ranking: em 2019 o governo desembolsou R$ 241.570,83 em idas ao exterior.

Depois aparece Bento Albuquerque, com despesa de R$ 211.643,46. Por fim, os deslocamentos de Tereza Cristina custaram aos cofres públicos R$ 203.253,45.

Entre os destinos visitados pelos ministros estão Peru, França, Canadá, Espanha Colômbia, Estados Unidos, Israel, Argentina, Portugal, Chile, Japão, China, Itália, Bélgica, entre outros.

Tendência continua em 2020
Na última semana, o Metrópoles mostrou que até o início de fevereiro, a agenda dos ministros tem espaço reservado para visitas a oito destinos internacionais, como Paris, Viena, Califórnia e Miami. Entre os compromissos, estão conferências, fóruns, reuniões, encontros e palestras.

Para se ter dimensão do peso do gasto, no ano passado, o governo federal desembolsou R$ 1,1 bilhão com viagens (diárias e custeio de passagens a trechos nacionais e internacionais). Em 2018, o valor ficou um pouco acima: R$ 1,3 bilhão.

Para o sociólogo e analista político Antônio Carlos Mazzeo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), não há dados para avaliar se essas viagens, de fato, trazem benefícios ao país. “Eu defendo que o governo tem que se movimentar, fazer relações internacionais. O que não me convence é que essas viagens tiveram resultado em vantagens para o Brasil”, critica.

Ele cita como exemplos o leilão de petróleo e as mudanças na economia. “Não vejo retorno, por exemplo, no movimento de desindustrialização do país. O investidor não está vindo. O leilão do petróleo mostrou isso. A própria Petrobras comprou e isso se repete em outros setores”, conclui.

Versão oficial
O Metrópoles  entrou em contato com o Palácio do Planalto e com todos os ministérios citados na reportagem para questionar as despesas. Por e-mail, a reportagem pediu explicações de como o governo avalia esses gastos, o que justifica as viagens e quais são os critérios do governo para autorizar os deslocamentos. O Palácio do Planalto informou que cada ministério deveria explicar os gastos e as viagens.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores explicou que o chanceler Ernesto Araújo é o principal auxiliar do presidente na direção da política exterior do Brasil. “As viagens do ministro das Relações Exteriores fazem parte das atribuições institucionais inerentes ao cargo e são amplamente divulgadas no site e nas mídias sociais do ministério”, destaca o texto.

O Ministério da Agricultura justificou os gastos. “A abertura de novos mercados para a produção agropecuária brasileira é uma das prioridades da ministra Tereza Cristina à frente do ministério. Em 2019, o Mapa realizou 25 missões internacionais de alto nível, além de apoiar a participação em grandes feiras internacionais. O resultado desse trabalho foi a abertura de 26 novos mercados para exportação de produtos agropecuários, em 16 países, representando oportunidades de acesso a um mercado estimado em quase US$ 9 bilhões ao ano”, explica, em nota.

O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações pediu mais prazo para “levantar a informação”. Até a última atualização desta matéria, os demais ministérios não se pronunciaram. O espaço continua aberto a manifestações.

O Ministério da Justiça e da Segurança Pública afirmou que as “informações sobre as missões internacionais do ministro Sergio Moro são amplamente divulgadas no site e redes sociais”.

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos afirma que, todas as viagens “foram realizadas a serviço e no interesse da Administração Pública, visando atender os princípios da razoabilidade e economicidade”.

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