Áudios revelam que partidos financiaram MBL em atos contra Dilma

O Movimento Brasil Livre (MBL), liderado por Kim Kataguiri, é alvo de gravações que apontam o apoio financeiro da entidade por parte de partidos que faziam oposição ao governo de Dilma Rousseff. Em um áudio feito em fevereiro, Renan Antônio Ferreira dos Santos, um dos três coordenadores nacionais do MBL, afirma ter fechado suporte financeiro de siglas como PMDB, PSDB,  Solidariedade e DEM para divulgar os protestos de 13 de março usando as “máquinas deles também”. As informações, publicadas nesta sexta-feira (26/5), são do portal UOL.

O MBL foi criado em 2014 com o objetivo de “combater a corrupção” e pedir o impeachment da presidente. Para isso, a entidade teria negociado apoio com partidos políticos para imprimir panfletos, usar carros de sons, financiar caravanas, pagar lanches e alugar ônibus. A Juventude do PSDB também teria ajudado a financiar o MBL.

Em nota, o MBL disse que não vê problemas no apoio dos partidos de oposição. “As manifestações não são do MBL. 13 de Março pertence a todos os brasileiros, e nada mais natural que os partidos de oposição fossem convidados a usar suas redes de divulgação e militância para divulgar a data. Não houve nenhuma ajuda direcionada ao MBL. Pedimos apenas que divulgassem com toda energia possível. Creio que todos o fizeram,” informa nota do MBL.

Porém, em seus discursos, o MBL se definia como apartidário e sem ligações financeiras com siglas políticas. Nas redes sociais, buscavam financiamentos de internautas por meio de campanhas permanentes, sempre ressaltando o apartidarismo da entidade.

PMDB
O partido do presidente interino Michel Temer teria sido responsável por custear a impressão de panfletos para o MBL. De acordo com o portal, ao menos 20 mil panfletos com a inscrição “Esse impeachment é meu” teriam sido financiados por Moreira Franco, atual secretário-executivo do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do governo Temer.

Apesar da assessoria de Franco negar o apoio, Bruno Júlio, presidente da Juventude do PMDB, afirmou que o financiamento ocorreu. O dirigente da JPMDB confirma que o material foi pago pelo partido e entregue ao MBL, que distribuiu para suas sedes regionais e espalhou por todo o país.

O MBL auxiliou na logística, distribuindo os panfletos e colando cartazes, mas a Fundação Ulysses Guimarães pagou porque se tratava de uma campanha nossa, da Juventude do PMDB, que nós encampamos.

Bruno Júlio

O MBL não confirmou o pagamento e disse que o PMDB apenas participou da comissão pró-impeachment.

PSDB
Gravação feita no dia 5 deste mês revela o plano de Ygor Oliveira, secretário de mobilização da Juventude do PSDB no Rio de Janeiro, em fazer uma “parceria com o MBL”. O objetivo era financiar uma manifestação que ocorreu no dia 11 em Brasília – data em que o Senado votou pelo afastamento de Dilma Rousseff.

No áudio, Ygor dá detalhes sobre o financiamento acertado com o MBL. “Fizemos um projeto de a JPSDB captar com amigos e colaboradores o valor referente a hospedagem, alimentação, no translado, entre outras despesas. E o MBL chegar com o ônibus”. No mesmo áudio, o secretário da Juventude do partido oposicionista confirma ter conseguido angariar os fundos necessários. Ainda assim,  Ygor disse ao UOL que a parceria não funcionou. “Isso foi um rascunho de uma parceria, que acabou não dando certo”, afirmou.

O MBL confirmou a “aproximação ao PSDB”, mas não quis dizer se a parceria com o partido para pagar o lanche e o transporte de manifestantes no dia 11 de maio chegou a ocorrer. O UOL não informa a origem das gravações.

Kit-Mortadela
Os partidos de oposição a Dilma Rousseff, entretanto, não foram os únicos que financiaram as manifestações. O Metrópoles mostrou que no dia 31 de março o PT e entidades que representam movimentos sociais financiaram a distribuição de bandeiras, garrafas de água, bonés e marmitas durante a Marcha Nacional a Favor da Democracia.