Tour ministerial tem oito destinos internacionais até fevereiro
No ano passado, o governo federal desembolsou R$ 1,1 bilhão com viagens. Ministros farão giro que inclui Paris, Davos, Miami e Nova Delhi
atualizado
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Até o início de fevereiro, a agenda dos ministros do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem espaço reservado para visitas a sete destinos internacionais, como Paris, Viena, Califórnia e Miami (foto em destaque). Entre os compromissos, estão conferências, fóruns, reuniões, encontros e palestras.
Os ministros da Economia, Paulo Guedes; da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves; de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque; e do Meio Ambiente, Ricardo Sales, embarcarão em viagens a serviço do governo federal.
A lista conta ainda com deslocamentos do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno, um dos mais próximos de Bolsonaro, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Todas as viagens receberam a chancela de Bolsonaro.
Duas agendas chamam atenção: o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, e o Seminário Empresarial para discutir oportunidades de investimento em petróleo, gás natural, biocombustível, energia elétrica e mineração, em Nova Delhi, na Índia. Os dois eventos podem angariar investimentos ao país, entende a equipe econômica.
A prorrogação da viagem do ministro de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, astronauta Marcos Pontes, à base da Marinha Comandante Ferraz, na Antártica, também é encarada como uma agenda importante e de visibilidade do governo federal. A reinauguração foi adiada após intempéries. Também foram à Antártica os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, além do vice-presidente, Hamilton Mourão
O Executivo, contudo, não comenta como as visitas a Paris, Viena e Miami, por exemplo, irão contribuir para a criação e implementação de políticas públicas. Tampouco releva estimativa de quanto as viagens custarão aos cofres públicos.
Gasto bilionário
Para se ter dimensão do peso do gasto, no ano passado, o governo federal desembolsou R$ 1,1 bilhão com viagens (diárias e custeio de passagens). Desse montante, 14% — R$ 147 milhões — foram pagos em viagens internacionais. Em 2018, o valor ficou um pouco acima: R$ 1,3 bilhão.
Foram ao todo pouco mais de 730 mil deslocamentos, segundo levantamento do Metrópoles, com base no Portal da Transparência. Os ministérios da Justiça e Segurança Pública, Educação, Defesa, Economia e Saúde lideram o ranking.
As viagens
Entre 8 e 12 de fevereiro, Augusto Heleno viajará a Viena, na Áustria, para participar da Conferência International de Segurança Nuclear. A viagem foi autorizada por Bolsonaro na última terça-feira (14/01/2020).
Damares irá a Paris, capital da França, para participar da Conferência de Alto Nível sobre combate à violência contra as mulheres, promovida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Ela se afastará da Esplanada de 3 a 7 de fevereiro.
Guedes é um dos que mais tempo ficará fora. Ele voltará apenas em 23 de janeiro. Antes de Davos, ele estará na Califórnia, Estados Unidos, para “realizar uma apresentação” durante a Reunião Especial de 2020 da Mont Pelerin Society – um grupo de economistas e defensores de várias áreas dos princípios do liberalismo econômico.
Por fim, Roberto Campos Neto fará uma palestra na Universidade de Miami, na Flórida (EUA), e participará de reuniões com investidores até a próxima segunda-feira (20/01/2020).
Versão oficial
De volta ao Brasil, Ricardo Sales esteve em Lisboa entre os dias 10 e 15 de janeiro. Lá, segundo o governo, realizou visitas técnicas, com a finalidade de debater possibilidades de parcerias e cooperação entre o Brasil e Portugal para o Meio Ambiente.
O Metrópoles entrou em contato com o Palácio do Planalto, responsável pela autorização dos deslocamentos, e com o Ministério da Economia, que controla o orçamento do governo federal. Nenhum dos órgãos respondeu até a última atualização deste texto. O espaço continua aberto a manifestações.
Veja destinos dos ministros de Bolsonaro:
- Damares Alves – Paris (França)
- Paulo Guedes – Davos (Suíça) e Califórnia (EUA)
- Ricardo Sales – Lisboa (Portugal)
- Roberto Campos Neto – Miami (EUA)
- Marcos Pontes, Fernando Azevedo e Silva, Tarcísio Gomes de Freitas e o vice-presidente, Hamilton Mourão – Antártica
- Augusto Heleno – Viena (Áustria)
- Bento Albuquerque – Nova Delhi (Índia)