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Terça-feira em resumo: Intercept divulga áudios e Câmara vota reforma

Site revela gravações de bastidores da Lava Jato e debate da Previdência começa. Deputados são turbinados com R$ 1,13 bi em emendas

atualizado

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Deltan Dallagnol
1 de 1 Deltan Dallagnol - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Era para ser um dia dedicado às idas e vindas da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, que deve iniciar nesta terça-feira (09/07/2019) a votação, em primeiro turno, do relatório aprovado pela comissão especial que avaliou e alterou a PEC 06/2019.

Mas eis que, pouco depois das 17h30, o The Intercept Brasil solta os primeiros áudios da série de mensagens vazadas que envolvem o ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, e procuradores da Força-Tarefa da Operação, capitaneados pelo procurador Deltan Dallagnol.

Se o conteúdo dos áudios não revela, a priori, nenhum tipo de irregularidade – afinal, mostra apenas Dallagnol comemorando a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux de proibir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de dar entrevistas e alertando aos demais procuradores a não fazerem alarde do fato -, o fato vem dar uma ideia do grau de intimidade da Lava Jato com Fux.

Sim, porque o áudio traz à tona o cerne da questão: “In Fux we trust”. A mensagem dá a entender que realmente o ministro tinha linha direta com o comando da Lava Jato em Curitiba. Tanto é que Dallagnol age como se a notícia de que Fux teria proibido o petista de conceder entrevista lhe teria chegado em primeira mão.

Vale lembrar que, três dias após as primeiras mensagem divulgadas pelo site The Intercept, foram publicados diálogos entre e Dallagnol e Moro nos quais ambos aparecem comentando uma conversa que o procurador teria tido com Fux e o apoio que o ministro teria dado à operação após uma “queda de braço” entre Moro e o também ministro do STF Teori Zavascki – na época, relator da Lava Jato no STF.

Ao receber de Dallagnol o suposto reforço à Lava jato, Moro teria dito: “In Fux we trust”. Fux, que como é sabido, derrubou, em dezembro de 2019, a autorização dada pelo ministro Ricardo Lewandowski, também do STF, para que Lula concedesse entrevista a jornalistas mesmo preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR).

O áudio vem causando imenso burburinho na mídia e nas redes sociais, justamente num momento delicado para Moro: ao mesmo tempo em que ele se afasta do cargo por motivos particulares – mas para reenergizar o corpo, segundo o porta-voz do Palácio do Planalto, Otávio do Rêgo Barros – a assessora de comunicação do Ministério da Justiça pede demissão.

Fins justificam os meios
A Vaza Jato também pôs em evidência o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). No melhor estilo “os fins justificam os meios”, o tucano não titubeou ao ser questionado sobre o que pensa da atuação de Moro como juiz da Lava Jato.

“Se algum erro foi cometido – isso ainda precisa ser apurado, dado que até o presente momento o vazamento desses áudios não são legais (sic) -, entendo que, mesmo assim, o benefício daquilo que foi feito pela Operação Lava Jato para salvar o Brasil da corrupção e de um extenso período que prejudicou milhões de brasileiros e assaltou os cofres públicos faz com que eu mantenha meu respeito por Sergio Moro”, afirmou, em entrevista à BBC News Brasil em Londres, onde se reuniu com investidores.

No Congresso, os parlamentares deram início às tratativas para a votação do novo texto da reforma da Previdência. A oposição promete lançar mão do “kit obstrução” e apresentar destaques e mais destaques a fim de atrasar e, quem sabe, postergar até o próximo semestre a votação do texto aprovado na comissão especial da Câmara.

Já os governistas acreditam que terão mais do que o número de votos necessários – no mínimo 308 – para aprovar a reforma em dois turnos ainda nesta semana. O otimismo é tanto que a líder do governo no Congresso Nacional, deputada federal Joice Hasselmann (PSL), apostou R$ 100 em um bolão. Ela assegura: já há ao menos 342 votos pela reforma da Previdência. “Chutando baixo”, ela disse.

Emendas bilionárias
A propósito, a votação do texto da reforma da Previdência trouxe à tona novamente a questão da velha política. Isso porque o governo Bolsonaro liberou R$ 1,13 bilhão em emendas parlamentares voltadas para a área da saúde. A decisão foi formalizada em 37 portarias em duas edições extraordinárias do Diário Oficial da União (DOU) publicadas com data da segunda-feira.

A liberação dos recursos ocorre exatamente na semana em que o governo trabalha na conquista de votos de deputados pela aprovação da reforma da Previdência na Câmara. Para se esquivar de qualquer insinuação de que estaria se curvando ao que chama de velha política – o tradicional toma lá dá cá -, o presidente Bolsonaro se apressou em dizer: “Tudo é feito à luz da legislação”.

Seja pela liberação das emendas, seja por uma simples questão de otimismo, o presidente, depois de pedir aos parlamentares um voto “com o coração e com a razão”, assegurou: “Vamos aprovar a reforma, com certeza”.

Primeira-dama
Ainda em Brasília, foi divulgado que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, vai presidir um conselho composto por 12 membros da sociedade civil, incluindo ela, além de 12 ministros de Estado. O grupo vai conduzir o Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado, a ser lançado nesta terça-feira (09/07/2019), pelo Ministério da Cidadania.

No Rio de Janeiro, a Justiça Federal homologou, a pedido do Ministério Público Federal, a imediata devolução de R$ 270 milhões (US$ 82,3 milhões) pelo empresário Dan Wolf Messer, réu por evasão de divisas em esquema montado pela família Messer.

O acordo de delação fechado com familiares de Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”, atualmente foragido, envolve ainda a devolução do equivalente a cerca de R$ 100 milhões em dinheiro, imóveis e obras de arte, além de renúncia a bens e direitos decorrentes de herança do patriarca da família.

Morte a machadadas
Também no Rio, a polícia procura um homem suspeito de matar a namorada, Thamara Michele Ferreira, de 22 anos, com um machado. Conhecido como Cocão, André Luiz do Castro Silva teria espancado a mulher, que tinha retardo mental moderado, até deixá-la desacordada.

Na sequência, ao achar que a vítima estava morta, ele a atingiu com o instrumento. O caso aconteceu em abril deste ano, no Rio de Janeiro.

São notícias que fizeram a terça-feira.

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