“Sou animal de combate”, diz Guedes ao negar coordenação política
Em debate, ministro ainda reforçou a necessidade de cortes nos gastos públicos e disse ter pensado que transição seria “mais serena”
atualizado
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, negou nesta segunda-feira (8/4) que esteja pensando em assumir a articulação política com o Congresso pela reforma da Previdência e disse que não reúne características necessárias para esta função.
“Não tenho a pretensão de ser coordenador político. Vocês viram o meu desempenho lá na comissão”, destacou o ministro, lembrando de sua participação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, na semana passada, disse o ministro.
A sessão foi encerrada após seis horas de debate em meio a um tumulto depois que o ministro se irritou ao ser chamado de “tigrão” com os mais pobres e “tchutchuca” com os mais ricos.
“Sou animal de combate. Não sou indicado para fazer essa articulação. Sou um animal da economia”, disse Guedes em um debate com a presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), promovido pelo grupo Infoglobo, em Brasília.
Guedes disse que sua articulação se limita às conversas com governadores, prefeitos e bancadas estaduais que o procuram para saber mais sobre a Previdência, além do diálogo com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Guedes minimizou a suposta falta empenho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na defesa do projeto de reforma da Previdência. “Eu vi ele pedindo desculpas quando entregou o projeto”, disse Guedes, alegando que o próprio presidente, quando era deputado, não entendia a necessidade da reforma. “Agora, ele tem me apoiado e não é fácil para ele”, disse o ministro. No nosso entender, ele já fez um sacrifício extraordinário”, avaliou.
Bancos públicos
O ministro disse ainda que o governo continuará cortando gastos, e que está na mira do Planalto a venda de participação nas empresas estatais e imóveis da União. Ele também defendeu uma abertura gradativa da economia às empresas estrangeiras. “Somos liberais, mas não somos idiotas”, disse Guedes. “Dessa forma, a competição só vai pegar mesmo no último ano de governo”, avisou a uma plateia de empresários e investidores.
Guedes disse ainda que a economia do governo apontará para mudanças em relação aos investimentos bancados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), privatizações, além de uma nova posturas dos bancos públicos. “Vamos despedalar o BNDES”, disse o ministro, referindo-se à análise a ser feita nos contratos firmados pelo banco de fomento.
Ele informou ainda que os bancos terão que devolver dinheiro para a União. Isso inclui ainda a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, no entanto, não deu valores para esses bancos.
“Meta para o BNDES: devolver R$ 126 bilhões neste ano. Teremos mais R$ 80 bilhões de privatizações. Vem mais R$ 80 bilhões de uma coisa chamada instrumentos híbridos”, disse o ministro. “Vamos fazer dinheiro sair do chão”, enfatizou.
Impeachment
Em sua fala inicial, Guedes traçou uma trajetória dos gastos públicos no Brasil nos últimos 40 anos apontando que estes gastos sempre estiveram a frente da capacidade do Estado. Segundo o ministro, esta escalada sempre foi um convite à corrupção e que os dois impeachments ocorridos no Brasil foram uma forma de corrigir estas distorções.
“A escalada dos gastos públicos continua como um convite à corrupção. Aí veio o impeachment, primeiro à direita”, disse, referindo-se ao impeachment do presidente Fernando Color em 1992. “Depois à esquerda”, referindo-se a Dilma Rousseff, em 2016.
“O excesso de gastos degenerou nossa democracia e estagnou nossa economia”, disse Guedes ao defender a reforma da Previdência. O ministro ainda criticou os juros altos no Brasil e defendeu uma reforma tribuária com fusão de impostos. “Nós deixamos os juros altos como se não houvesse amanhã”, disse Guedes.