Sob Bolsonaro, invasões de terras indígenas aumentam 44% no Brasil
Prévia divulgada pelo Cimi também aponta alta de 101% no número de áreas atingidas nos primeiros nove meses deste ano em relação a todo 2018
atualizado
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As invasões de terras indígenas no Brasil explodiram durante os nove meses do governo de Jair Bolsonaro (PSL). É o que aponta um relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgado nesta terça-feira (24/09/2019), mesmo dia em que o presidente defendeu, em seu discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), a exploração de minérios e agrícola em território indígena.
De acordo com o Cimi, órgão ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de janeiro a setembro deste ano houve 160 invasões em 153 terras indígenas. No ano passado, foram registradas 111 invasões em 76 territórios demarcados, um aumento de 44% no total de invasões registrado em 2018 e de 101% nas áreas atingidas. De acordo com o relatório, o aumento das invasões é ainda maior quando considerados os últimos três anos. Em 2016, foram 59 casos.
De acordo com o Cimi, são consideradas invasões “o arrendamento do loteamento de terras indígenas; invasões; desmatamento; destruição de patrimônio; exploração ilegal de recursos naturais; garimpo de ouro e diamantes; contaminação de rios; queimadas e incêndios; caça e pesca ilegal; e contaminação por agrotóxicos e metais pesados, dentre outras ações criminosas que incluem a abertura de rotas para o tráfico de drogas”.
Outro dado do relatório aponta o crescimento de 22% do número de assassinatos de índios em 2018, na comparação com ano anterior. Este número pulou de 110 casos para 135 no período. O relatório aponta ainda casos de racismo e discriminação étnico-culturais e indica que o discurso adotado pelo presidente é considerado pelos indígenas como aval para esses casos, desde a campanha em 2018.
“Líderes indígenas indignaram-se com diversas declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, entre as quais a comparação com “animais em zoológicos”. Ainda durante a campanha eleitoral, ele afirmou que as demarcações de terras atenderiam a interesses estrangeiros e que havia o risco dos povos indígenas formarem Estados independentes”, aponta o relatório.
Confira a íntegra do relatório divulgado pelo Cimi
Relatorio Violencia Contra Os Povos Indigenas Brasil 2018 by Metropoles on Scribd