Senado quer convocar general Heleno para explicar “chantagem”
As declarações do chefe do GSI irritaram parlamentares e requerimento do PT exigindo explicações deve ser votado na volta do Carnaval
atualizado
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Um pedido de convocação do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, deve ser votado pelo Senado na próxima sessão deliberativa, marcada para o dia 3 de março.
O requerimento foi protocolado pelo líder do PT no Senado, senador Rogério Carvalho (SE), na tarde de quarta-feira (19/02/2020), após o ministro ter acusado o Congresso de chantagear o governo de Jair Bolsonaro. O ministro também defendeu que o povo fosse às ruas contra os parlamentares.
“O requerimento é para que ele possa explicar que tipo de chantagem e quem está chantageando o governo no Congresso”, disse o senador. “Queremos saber quem do Parlamento está chantageando o Executivo ou é mais uma declaração que demonstra o autoritarismo daqueles que querem fechar o Congresso”, afirmou.
VAI TER QUE EXPLICAR! Queremos saber quem do Parlamento está chantageando o Executivo ou é mais uma declaração que demonstra o autoritarismo daqueles que querem fechar o Congresso. #GeneralHeleno pic.twitter.com/JmFUH3Qy0S
— Rogério Carvalho (@SenadorRogerio) February 20, 2020
Em cerimônia no Palácio da Alvorada, o general Augusto Heleno disse que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não pode aceitar “chantagens” do Parlamento o tempo todo. “Foda-se”, completou.
O áudio foi captado em transmissão da Presidência pela internet, conforme registrou o site O Globo. Após a fala, o general foi alertado que estava ao vivo.
Irritação
A declaração irritou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), responsável pela pauta do Senado e do Congresso. Alcolumbre manifestou-se por nota condenando o que chamou de “ataque à democracia”.
“Nenhum ataque à democracia será tolerado pelo Parlamento. O momento, mais do que nunca, é de defesa da democracia, independência e harmonia dos Poderes para trabalhar pelo país. O Congresso Nacional seguirá cumprindo com as suas obrigações”, disse.
A declaração do general ocorreu em meio a uma pressão dos parlamentares para controlar parte do Orçamento Impositivo (gastos obrigatórios) do governo federal e gerou reações, inclusive do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que o classificou como “radical ideológico contra a democracia”.
“Uma pena que um ministro com tantos títulos tenha se transformado num radical ideológico contra a democracia, contra o Parlamento. É muito triste”, afirmou. “Então quero saber dele se ele acha que o Parlamento foi chantageado por ele ou por alguém para votar ou chantageou alguém para votar o projeto de lei das Forças Armadas”, ironizou.