“Se me cassarem, vou bagunçar o coreto”, ameaça Daniel Silveira
Líder do PSL, Delegado Waldir (GO) ameaçou o parlamentar do Rio de Janeiro por divulgar áudio de uma reunião a que compareceu “infiltrado”
atualizado
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Depois de o líder do PSL na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir (GO), afirmar que vai pedir sua cassação, o deputado federal Daniel Silveira (RJ) disse que a tentativa é “uma guerra perdida” e que o partido “não tem motivo” para cassá-lo. “Eu fiz o que tinha que ser feito”, declarou o parlamentar, responsável pela divulgação de áudio de uma reunião interna do PSL em que Waldir é gravado dizendo que vai “implodir o presidente” Jair Bolsonaro (PSL). “Se me cassarem eu vou bagunçar o coreto”, ameaçou.
Para a “implosão” de Bolsonaro, Waldir afirmou que liberaria um áudio do presidente. Mais cedo, ao sair de reunião extraordinária da Executiva do PSL nesta sexta-feira (18/10/2019), o deputado alegou que se referia à gravação em que o presidente, em conversa com um deputado, pede votos a favor da tentativa de destituir Waldir da liderança e colocar seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no lugar.
“Que poder tem na mão atualmente o presidente, o líder aí? É o poder de indicar pessoas, de arranjar cargo no partido, é promessa pra fundo eleitoral pro caso das eleições, é isso que os caras têm”, pontua Bolsonaro na gravação.
O fato de esse áudio do presidente ter vazado justifica, para Silveira, sua permanência na legenda. “Não tem motivo para cassar. Se for levar em consideração que eu gravei uma conversa, o próprio Waldir afirma no áudio que usaria uma gravação contra o presidente. Então isso pende só para um lado? Eles não estão acostumados a ter um deputado que nem eu. Pau que bate em Chico, bate em Francisco. Eu vou para a guerra com um garfo, não preciso nem de um fuzil”, diz
“Divulguei o áudio da reunião com um único fato gerador: a tentativa de fusão do PSL com o DEM, que ia tornar a governabilidade para o presidente impossível. Se qualquer um estiver articulando contra o país, a gente tem que divulgar”, defendeu Daniel. Ele se referia à denúncia feita por Felipe Francischini (PSL-PR) na reunião interna da sigla de que já haveria articulação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) para levar a iniciativa da união das duas siglas em frente.
Na manhã desta sexta-feira (18/10/2019), Delegado Waldir havia dito que tomaria medidas judiciais contra o colega de bancada: “Existe uma responsabilização criminal, a alegria dele não sei se vai durar muito, vai gastar um pouquinho de dinheiro. A conduta dele é uma esperteza sobre a qual com certeza os 513 parlamentares vão poder posicionar, se foi quebra de decoro parlamentar”.
Já a declaração sobre a cassação foi dada ao jornal O Estado de S. Paulo: “Isso é Conselho de Ética e apuração criminal. Vamos pedir, assim como foi feito com Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara), que é a cassação. O PSL vai fazer esse pedido”.
O Metrópoles falou com o vice-presidente da Executiva Nacional do PSL, Antonio Rueda, e ele negou que haja, até o momento, qualquer decisão concreta em relação a uma cassação. “Não chegou nenhuma representação nesse sentido”, garantiu, negando ainda que exista movimentação da cúpula partidária para pedir o mandato do deputado federal.
Solução da crise
Apesar de estar no centro de um embate com Waldir, Daniel disse que gosta dele e que não encara o episódio como uma “briga pessoal”. Na sua opinião, o PSL caminha, sim, para resolver a crise. “Sempre dá pra resolver, a gente não quer racha no partido.”