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“PT tem pixuleco, PSDB tem tico-tico”, diz delator do caso Beto Richa

Em depoimento que levou o ex-governador tucano à prisão, empresário afirmou que valor da propina chegou a R$ 500 milhões

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1 de 1 959379-120515-dsc_8482 - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O empresário Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia, é o delator que levou para a cadeia o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), que em abril renunciou ao cargo para concorrer a uma cadeira no Senado. Um delator que demonstra ter uma boa memória. Em cerca de uma hora de entrevista ao Estadão, ele lembrou com riqueza de detalhes do dia em que afirma ter entregue ‘220 mil e uns quebrados’, em dinheiro vivo, na casa do tucano, em Curitiba. O dinheiro, contou, estava em um envelope com um papel amarelo colado, dentro de uma sacola de plástico.

Tony Garcia estima que o tucano tenha recebido ‘entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões’ em propinas e caixa 2 nas campanhas eleitorais. Na avaliação do delator, a corrupção se instalou no governo Beto Richa ‘tão idêntica quanto a do Lula, como do Sérgio Cabral’. “O PT tem pixuleco, e o PSDB tem tico-tico”, afirmou.

“Tico-tico” foi a expressão usada por Beto Richa em uma conversa gravada por Tony Garcia. Segundo os investigadores, o tucano estava se referindo a propina e comentou, na ligação grampeada, atraso nos repasses.

O ex-governador foi preso na terça-feira (11/9) pela Operação Radiopatrulha, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná. Richa também é alvo da Operação Lava Jato, que fez buscas em sua residência no mesmo dia da prisão. A Lava Jato suspeita de ligação do ex-governador com recebimento de propinas da Odebrecht, que teria sido favorecida em contrato de duplicação da PR 323, no interior do Paraná.

Na Operação Radiopatrulha também foram presos Fernanda Richa, mulher do tucano, Pepe Richa, irmão dele, e Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete do Estado, apontado como um fiel aliado de Beto Richa. As prisões estão relacionadas a investigações sobre supostos desvios de verbas no Programa Patrulha do Campo, para manutenção de estradas rurais entre 2012 e 2014.

Segundo o inquérito, há indícios de direcionamento de licitação para beneficiar empresários e pagamento de propina a agentes públicos, além de lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Beto Richa foi deputado estadual no Paraná entre 1995 e 2001. Naquele ano, o tucano deixou o mandato ao se tornar vice-prefeito de Curitiba. Entre 2005 e 2010, Beto Richa foi prefeito da capital paranaense. No ano seguinte, assumiu o governo do estado, onde ficou até 6 de abril deste ano, quando renunciou para concorrer a uma cadeira no Senado.

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