PSL promete fazer oposição a Onyx em depoimento na CCJ
Embora ministro diga que não vá, convocação para a audiência está mantida; parlamentares poderão perguntar o que quiserem, diz líder
atualizado
Compartilhar notícia
Deputados do PSL decidiram dar o “troco” no ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e não vão blindá-lo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Embora Onyx tenha informado que não poderá comparecer nesta quarta-feira (12/06/2019) à audiência na CCJ, sua convocação está mantida e, se depender do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro (PSL), ele será tratado como oposição. A ordem ali é para que os parlamentares sejam duros e até provoquem o articulador político do governo.
“Nós não vamos afrouxar com Onyx de jeito nenhum. Não vamos cercear o direito de ninguém perguntar o que quiser para o ministro”, disse ao Estado o líder do PSL, Delegado Waldir (GO). “Nossos parlamentares estão livres para questioná-lo sobre qualquer assunto.”
O PSL tem se queixado de Onyx há algum tempo, mas o auge da irritação ocorreu na sexta-feira (07/06/2019), quando o ministro demitiu o ex-deputado Carlos Manato, que é filiado ao PSL e, desde janeiro, ocupava a chefia da Secretaria Especial para a Câmara. Além de dispensar o auxiliar por telefone, o titular da Casa Civil nomeou o ex-deputado Abelardo Lupion, do DEM, para a cadeira de Manato. Onyx também anunciou o desligamento do ex-deputado Victório Galli Filho (PSL), que trabalhava na secretaria comandada por Manato. Foi o que bastou para azedar as relações entre os dois partidos.
“Nossos companheiros levaram um chute por defender o governo e foram abandonados em uma decisão unilateral do ministro, que não consultou ninguém, nem mesmo o presidente. Agora, ele precisa arcar com as consequências”, afirmou Delegado Waldir. “Onyx não falou que estaria disponível para as perguntas? Então, que aguente o bombardeio”, emendou o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), também da CCJ.
O ministro foi convocado por deputados, no fim de maio, para explicar o decreto de Bolsonaro que mudou as regras sobre o uso de armas e munições. Na segunda-feira, porém, em ofício enviado ao presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), ele alegou ter compromisso agendado com Bolsonaro para o dia do depoimento. Pediu para transformar sua convocação em “convite” e para comparecer à CCJ em outra data.
Obstrução. Com uma sessão esvaziada por obstrução de partidos da oposição, e sem resistência de aliados do governo, a CCJ nem sequer analisou o pedido de Onyx. Contrariado, o ministro chegou a telefonar para Francischini, solicitando que ele cancelasse sua convocação, mas não obteve sucesso.
O depoimento de Onyx está marcado para as 14 horas de hoje, mas ele ainda espera que seu pedido seja avaliado pela manhã, o que é pouco provável. Se faltar à audiência na CCJ, o chefe da Casa Civil incorrerá em crime de responsabilidade.
A posição de hostilidade do PSL em relação ao depoimento de Onyx difere da que foi tomada pela bancada da sigla em 15 de maio. À época, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi obrigado a comparecer ao plenário da Câmara para falar sobre os cortes no orçamento das universidades e teve apoio do partido de Bolsonaro.
Apesar de não querer comentar os ataques públicos do PSL, Onyx disse, em conversas reservadas, estranhar a reação da legenda contra ele.