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Professor que assessora Bolsonaro processa estudante por “dano moral”

Arthur Weintraub, do gabinete de transição, alega “injúrias” via Facebook, e também é processado

atualizado

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Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Arthur Weintraub
1 de 1 Arthur Weintraub - Foto: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados

O professor da Unifesp Arthur Bragança de Vasconcelos Weintraub, um dos principais assessores do presidente eleito Jair Bolsonaro, e integrante já nomeado do gabinete de transição, está processando por dano moral, com pedido de indenização, a estudante universitária Linna Stefanie Freire Rocha, da mesma Unifesp. Weintraub afirma, por seu advogado, Thiago Taborda Simões, ter sido injuriado pela acusada, como “mau caráter”, em uma postagem no Facebook. O processo tramita na justiça de Osasco.

Anexado aos autos, o post da estudante cita trechos de um processo de inventário e partilha em que o professor e seu irmão Abraham Weintraub, também da Unifesp e também do gabinete de transição do novo governo, pediram a interdição judicial do pai, sem sucesso. Linna Rocha escreveu: “pessoas que tentam interditar o próprio pai, estando ele bem, não são pessoas que podemos considerar com bom caráter; enfim, mal (sic) caráter por mal (sic) caráter, faz sentido apoiarem alguém tão repugnante…”.
O “repugnante”, na opinião da estudante, é o agora presidente eleito, Jair Bolsonaro.

A quizília começou, em novembro do ano passado, quando veio a público que os irmãos Weintraub, especialistas na área de Previdência e afins, prestavam assessoria técnica ao então deputado e presidenciável Jair Bolsonaro. Na época, o diretório acadêmico XIV de Março, representando alunos de dois cursos dos cinco do campus da Unifesp em Osasco, publicou, em seu Facebook, um “manifesto de repúdio” à colaboração com Bolsonaro. Os Weintraub responderam em tom irônico e jocoso, dizendo entre outras coisas, que os alunos “puxam a média do campus para baixo” e que “esperam ansiosamente pela ditadura do proletariado”.

O caso agitou a Unifesp – e foi nesse clima que Linna Rocha meteu sua colher, apimentando o bate-boca com informações públicas sobre um caso de família, até hoje disponíveis na internet, e, também, no site do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Na petição inicial contra a estudante – que enviou ao Estado, a pedido, com autorização de seu cliente -, o advogado Thiago Simões considera que a citação sobre questões judiciais familiares foram mencionadas “de forma irresponsável e totalmente errada, insinuando que, pelo simples fato das demandas terem restado improcedentes, seria o autor [Arthur Weintraub] mau caráter”. E esclarece: “O pai do autor se casou com esposa 20 anos mais jovem e doou todos os bens que possuía a ela. Os filhos tentaram proteger o pai. E ademais, não há herança de pessoa viva”.

Simões agravou que a estudante, no post em causa, escreveu: “Sim, estou sendo ofensiva às pessoas deles”. Segundo o advogado, “a difamação profanada pela ré é uma conduta antidemocrática e inconstitucional, que viola os princípios básicos da liberdade política dos indivíduos”. A petição diz, ainda, que a conduta da estudante “repercutiu em graves prejuízos ao autor, que passou a enfrentar uma grande hostilidade dentro da Unifesp”.

Na contestação à acusação, feita pelo advogado Arthur Viana da Silva, a estudante Linna Rocha pede a reconvenção – que é uma ação contra quem acusa, da mesma natureza, dano moral, igualmente com pedido de indenização (R$ 5 mil, de ambas as partes). O post no Facebook, diz a defesa da estudante, trouxe informações disponíveis em sites jurídicos para “consignar a decepção em ver pessoas tão bem formadas e academicamente respeitadas anunciando posicionamento em favor de um candidato que cultiva valores totalmente repelidos pela moral média, tais como misoginia, racismo e tortura, valores incompatíveis com o Estado Democrático de Direito”. A estudante também acusa o professor por a estar “perseguindo e assediando, visando penalizá-la por não compactuar com sua linha de pensamento”. A justiça é que irá decidir.

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