metropoles.com

Previdência: governo crê em vitória na CCJ. Oposição promete barulho

Comissão se reúne hoje (23) para analisar parecer favorável à reforma. Planalto testa poder de fogo e adversários buscam última cartada

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
CCJ – governo e oposição
1 de 1 CCJ – governo e oposição - Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O governo Jair Bolsonaro (PSL) vai para o tudo ou nada na sessão desta terça-feira (23/04/19) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, cuja pauta é a votação do parecer favorável ao texto da reforma da Previdência. Publicamente, o Planalto aposta todas as fichas na aprovação da matéria, haja vista as declarações otimistas dadas pelas principais lideranças governistas no Congresso. Porém, nos bastidores, impasses com o centrão e com a bancada do próprio PSL reduzem o poder de fogo do governo.

Some-se a isso o imbróglio criado pelo status de “sigilosos” conferido aos estudos e relatórios técnicos que norteiam a reforma da Previdência. A medida, estabelecida pelo Ministério da Economia, impede o acesso a argumentos, estatísticas, dados econômicos e sociais da proposta.

A oposição já elegeu esse tema como “cavalo de batalha” para a sessão da CCJ. A estratégia é tentar obstruir a votação, caso os chamados dados sigilosos não sejam divulgados pelo governo, que já avisou: só irá abri-los na comissão especial que analisará o mérito da reforma, ainda na Câmara.

Outra estratégia oposicionista foi enterrada nesta segunda-feira (22/04/19) pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF): ele negou ação impetrada pelo deputado federal Aliel Bark (PSB-PR) para suspender a votação na CCJ por conta dos dados sigilosos. Para o ministro, intervir no debate seria “prematuro” e uma ingerência indevida do Poder Judiciário no Congresso Nacional.

Se o assunto “dados sigilosos” une a oposição, divide os governistas. O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, veio a público para negar haver qualquer tipo de sigilo sobre o detalhamento dos dados da Previdência.

Marinho garantiu que a equipe econômica do governo apenas “refina” os números para poder levá-los à comissão especial de mérito. Ele ressaltou, ainda, que os cálculos que embasaram a apresentação da proposta são públicos e estão no Congresso desde 2017.

“Não me sinto governo”
Na contramão do que afirma Marinho, o deputado Coronel Marcio Tadeu (PSL-SP), um dos representantes da legenda bolsonarista na CCJ, desabafou, nesta segunda, ao Metrópoles, ao afirmar que não encontra subsídios para ir para a linha de frente defender a reforma.

Eu não me sinto governo nem um pouquinho”, confidenciou o parlamentar. “Não conseguimos nem defender o governo, porque não temos informações. Sou da seguinte opinião: se os dados serão disponibilizados para a comissão especial, por que não agora?”, questionou.

É bem verdade que, nas trincheiras palacianas, há os que não baixam a guarda. É o caso da líder do governo no Congresso Nacional, deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP). Para ela, o que tinha que ser debatido na CCJ – por governistas e oposição – já o foi suficientemente. Com seu estilo determinado, a parlamentar promete passar como um azougue sobre a sessão de hoje.

Chega, gente, já deu. Já deu tempo de fazer tudo. A oposição já fez seu show, já teve de tudo nessa CCJ. Agora está na hora de votar o texto, pronto e acabou. CCJ já deu.

Deputada Joice Hasselmann, líder do governo no Congresso

Salvador da pátria
Governistas que não se entendem e oposição que buscar atrasar ainda mais os trâmites da reforma da Previdência. E quem surge novamente como salvador da pátria bolsonarista? Ele mesmo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Embora esteja em terras lusitanas, ele interveio novamente.

Maia anunciou nesta segunda, via Twitter, que fez um acordo com o secretário Rogério Marinho para que os dados sigilosos da reforma sejam liberados após a votação da proposta na CCJ, que, ele ressalta, “é uma comissão apenas de admissibilidade”.

De acordo com o presidente da Casa, as informações serão liberadas nesta quinta-feira (25/04/19) pela manhã. Não se sabe, porém, se tal argumento será suficiente para acalmar deputados da oposição e do centrão.

E por falar em centrão, o Palácio do Planalto tem dispensado atenção redobrada a esta bancada, que pode ser o fiel da balança na hora da votação. Tanto que o relator que deu parecer favorável ao texto da reforma, deputado Marcelo Freitas (PSL-MG), decidiu incorporar alterações exigidas pelo centrão.

Promessas de cargos
Nada que mexa na “espinha dorsal” do projeto, garantem os governistas. A bem da verdade, o centrão deve se sentir realmente aquinhoado se saírem do papel as promessas de cargos com as quais o governo finalmente acenou.

Entre os postos listados, estão posições em estatais e autarquias, como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e da Parnaíba (Codevasf), Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e Banco do Nordeste.

O governo já teria mapeado para quem iria cada um desses cargos e a votação na CCJ seria a hora de cobrar a fatura. E a hora também, naturalmente, de saber quem são aqueles personagens presentes em toda votação que se preze no Congresso: os aliados e os traidores.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?