Presidência do Senado apura uso indevido de cartões corporativos
Reportagem do Metrópoles mostrou gastos com suprimentos de fundos em restaurantes de luxo e até na compra de whey protein
atualizado
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Após o Metrópoles revelar gastos indevidos com cartões corporativos no Senado Federal feitos por servidores e comissionados, o novo presidente da casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), informou que irá investigar as possíveis irregularidades. “Estamos apurando de forma correta e transparente todas as denúncias”, afirmou a assessoria de imprensa do senador, na tarde desta segunda-feira (18/2).
Uma das reportagens mostra que, por meio dos cartões, funcionários compraram suplementos alimentares para esportistas, como whey protein, mix de castanhas, chocolate fit e até flores. As compras foram realizadas pela diretora da Secretaria-Geral da Mesa, Ludmila Fernandes de Miranda Castro.
Entretanto, o secretário-geral da Mesa, Luiz Fernando Bandeira de Mello, disse que os produtos foram adquiridos a pedido dele pela servidora. Além dos suplementos alimentares, Ludmila também efetuou uma compra de R$ 755,70 em nove litros de sabonete líquido com aroma de flor de cerejeira e 24 litros com aroma de morango, nas lojas Renner.
Em 2018, os cartões – também conhecidos como suprimentos de fundos – bancaram almoços de luxo em restaurantes de alto padrão no Distrito Federal. Na semana passada, o Metrópoles mostrou ainda que o mordomo da residência oficial do presidente do Senado gastou, durante as presidências de Eunício Oliveira (MDB-CE) e Renan Calheiros (MDB-AL), até R$ 210 mil por ano com alimentos e produtos de limpeza para a mansão.
Exonerações
Apesar de as denúncias pesarem contra os servidores, ainda não há expectativa de que eles sejam retirados de suas funções. Bandeira de Mello e Ludmila Fernandes são servidores concursados, mas estão na Secretaria-Geral da Mesa de forma comissionada. Já o mordomo Francisco Joarez Cordeiro Gomes está no Senado desde 2006, indicado para administrar a residência oficial pelo então presidente Renan Calheiros.
Decisões de trocas serão tomadas, mas ainda não há datas específicas nem nomes certos para saírem ou ficarem
Assessoria de imprensa do presidente do Senado
No entanto, a reportagem apurou que Bandeira de Mello e a atual diretora-geral do Senado, Ilana Trombka – ligados ao ex-presidente Renan Calheiros –, já dão como certas suas saídas dos cargos comissionados. Na semana passada, os dois andaram de gabinete em gabinete, pedindo apoio aos senadores para continuarem nas funções de chefia.
Foram bem recebidos pela maioria dos parlamentares, mas já esperavam uma resistência por parte de Davi Alcolumbre: no dia da eleição à presidência do Senado, Alcolumbre exonerou Luiz Fernando Bandeira de Mello do cargo. A decisão do então candidato veio após Mello editar uma medida para que um “aliado” de Renan Calheiros, o senador José Maranhão, também emedebista, presidisse a eleição da Casa. No mesmo dia, o secretário-geral da Mesa voltou ao cargo.
Agora, com mais as novas denúncias, Bandeira de Mello e Ludmila já assumem a aliados ser praticamente impossível seguirem nos cargos de confiança. Além do presidente do Senado, outros senadores informaram ao Metrópoles que apoiam intenção de investigar o uso dos cartões corporativos pelos servidores. No entanto, os parlamentares acreditam que a atitude deve mesmo partir da presidência, já que só ela seria superior à Secretaria-Geral.