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Planalto é avisado sobre crises nas redes e vigia influenciadores

De leão e hienas a AI-5, a semana foi marcada por assuntos que geraram uma enxurrada de menções no ambiente digital

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1 de 1 monitoramento-governo - Foto: Arte/Metrópoles

Ainda com o presidente da República em viagem, o Palácio do Planalto começou a semana em alerta. Desdobramentos envolvendo o governo geraram uma enxurrada de menções em Twitter, Facebook, Instagram e YouTube as redes sociais monitoradas a partir de um contrato milionário da Secretaria de Comunicação. 

Foi assim com o vídeo de leões e hienas, postado e apagado do perfil do próprio mandatário do país, Jair Bolsonaro; desdobramentos do caso Marielle, em que ele foi citado e reagiu enfurecido com uma live; e a possibilidade de um “novo AI-5” suscitada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, o “filho 03”, que precisou se retratar, tamanha a dimensão da repercussão negativa. 

Suspenso em abril, o serviço de monitoramento digital voltou a ser executado em agosto e está dentro do pacote de R$ 26 milhões com a Agência Click Mídia Interativa S/A. Por meio dele, a Secom é informada sobre os principais influenciadores das redes e avisada sobre assunto com alto volume de menções, com destaque aos que podem gerar crise. A assessoria de imprensa do Planalto informou que foram gastos R$ 5,08 milhões do valor total até o momento.

O objetivo do monitoramento, de acordo com o setor, é auxiliar a preparação de conteúdos nos canais institucionais. A resposta foi obtida apenas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Embora o detalhamento desse controle não seja revelado pelo Planalto, o rol de influenciadores das redes sociais contém figuras que atuam nos campos da arte, da política e da comunicação, e ainda personalidades que nasceram na internet. São perfis cuja atuação interessa ao governo porque conseguem engajar o público e direcionar o debate no ambiente digital.

Grande parte dos integrantes do governo, inclusive o próprio presidente, usa os canais pessoais da internet para divulgar ideias, sejam elas opiniões próprias ou ações ligadas à função pública. O mesmo caminho é seguido por parlamentares, aliados e opositores.  

Coordenador do Laboratório de Estudo sobre Imagem e Cultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo, Fábio Malini explica que a busca por líderes de opinião faz parte da prática das agências que prestam serviço no mercado, orientadas pela cultura de massa. “Monitorar quem diz é o modus operandi”, afirmou. 

Na avaliação do pesquisador, dessa forma, a análise se torna mais fácil do que quando há um grande volume de informações, comum em períodos de crise. No entanto, pode ser o caminho para um “monitoramento de combate”. “Um mau exemplo é quando o monitoramento se torna ‘paranoico’, quando se parte do pressuposto que é preciso identificar o líder que quer derrubar o governo”, disse.  

Malini acredita que, ainda que monitore, o governo brasileiro não consegue prever nem controlar o que vai acontecer no ambiente digital, visto que a vigilância se restringe ao debate público. O caminho, então, é tentar melhorar o posicionamento. 

“Na internet, o massivo acontece em cadeia. Quando um assunto é muito forte, como foi o caso do Eduardo, do óleo no Nordeste, da Amazônia, o governo não consegue controlar as críticas, perde a dimensão. É atingido por uma sobrecarga interativa muito grande e reage”, explicou.

Na prática
Diante da repercussão da reportagem do Jornal Nacional exibida nessa terça-feira (29/10/2019), que vinculou o nome de Bolsonaro às investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, até mesmo a conta institucional da Secom saiu em defesa do presidente.

Com as redes sociais tomadas por comentários sobre o tema, no dia seguinte, um vídeo foi divulgado na conta “Secomvc” para reafirmar a existência de provas de que Jair Bolsonaro estava fora do Rio na ocasião, contrariando o depoimento do porteiro que o citou. A publicação terminava com a hashtag #BolsonaroEstamosContigo.

Especialistas ouvidos pelo Metrópoles concluíram que o conteúdo, retirado do ar posteriormente, feriu o princípio da impessoalidade no serviço público. Por outro lado, comentários pessoais de ministros e do vice-presidente, Hamilton Mourão, sobre o episódio foram retuitados e permanecem na página.

Como o episódio ocorreu enquanto Bolsonaro estava em uma viagem internacional, uma explicação em inglês também foi mantida no perfil institucional. 

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A Secom evitou comentar sobre eventuais avisos a respeito dos temas em destaque na semana e limitou-se a dizer que recebe de forma sistemática relatórios sobre assuntos de interesse da Presidência da República. 

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