PF indicia ministro do Turismo em inquérito sobre laranjas no PSL
Marcelo Álvaro Antônio é apontado por suspeita do crime de falsidade ideológica eleitoral, entre outros
atualizado
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O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi indiciado pela Polícia Federal por suspeita dos crime de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa. O chefe da pasta é acusado de envolvimento no esquema de laranjas do PSL, durante as eleições de 2018.
O relatório policial foi enviado nesta sexta-feira (04/10/2019) ao Ministério Público (MP) de Minas Gerais, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo. O indiciamento serve como base para que o MP decida se oferece ou não denúncia à Justiça contra o ministro de Jair Bolsonaro (PSL).
Caso a decisão da Promotoria seja em sentido similar ao da PF, a Justiça decidirá se aceita ou não a denúncia. Em caso positivo, o ministro se torna réu e passa a responder ao processo. Em nota, o Ministério do Turismo afirmou que o titular da pasta “segue confiante de que ficará comprovada sua inocência”.
“Álvaro Antônio ainda não foi notificado oficialmente da decisão, mas reafirma sua confiança na Justiça e reforça sua convicção de que a verdade prevalecerá e sua inocência será comprovada”, informou a pasta, em nota enviada à imprensa.
Além do ministro do Turismo, outras dez pessoas já foram indiciadas sobre o uso de candidaturas-laranja no PSL. Em abril, a PF cumpriu sete mandados de busca e apreensão. Em junho, três pessoas foram presas, entre elas o assessor especial de Álvaro Antônio, Mateus Von Rondon.
Veja a lista de indiciados:
- Marcelo Álvaro Antônio (ministro)
- Professor Irineu (deputado estadual)
- Lilian Bernardino (suspeita de candidata-laranja)
- Debora Gomes (suspeita de candidata-laranja)
- Camila Fernandes (suspeita de candidata-laranja)
- Naftali Tamar (suspeita de candidata-laranja)
- Marcelo Raid Soares
- Roberto Silva Soares (assessor do ministro)
- Mateus Von Rondon (assessor especial do ministro)
- Haissander de Paula (ex-assessor do ministro)
- Reginaldo Donizeti Soares (irmão de Roberto)
Entenda
Conforme as investigações da Polícia Federal, o PSL, que à época das eleições tinha como presidente em Minas Gerais o atual ministro do Turismo, teria usado candidatas em disputas de fachada para acessar recursos de fundo eleitoral exclusivo para mulheres.
As ex-candidatas foram indiciadas. São elas: Naftali de Oliveira Neres, Débora Gomes da Silveira, Camila Fernandes Rosa e Lilian Bernardino de Almeida. Juntas, receberam R$ 279 mil para campanha, mas o total de votos não passou de 2,1 mil. Em depoimentos ao longo das investigações, todas permaneceram em silêncio.
Relação custo por voto
Até o momento, o ministro do Turismo tem negado qualquer participação no esquema. Nas investigações, ficou comprovado, entre outros pontos, que uma gráfica utilizada no suposto esquema não funcionava desde dois anos antes das eleições. A Polícia Federal apurou ainda que a empresa pertencia a um irmão de Roberto Soares, assessor de Álvaro Antônio e coordenador da campanha de 2018.
Segundo a Polícia Federal, a relação custo por voto entre as mulheres que teriam sido usadas como laranjas no esquema era maior que a registrada entre candidatos que venceram as eleições. O custo médio entre os que venceram era de R$ 10 por voto, enquanto o das candidatas do PSL era de R$ 300.