Pela Previdência, Guedes oferece repasses federais a parlamentares
A intenção do ministro da Economia é fazer com que as lideranças superem desconfianças em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PSL)
atualizado
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Na tentativa de obter apoio para a reforma da Previdência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu aos parlamentares repasses do governo aos estados. Em resposta, ele ouviu que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) não inspira a confiança das lideranças no Congresso, segundo informações do jornal Folha de S.Paulo.
Por ser um tema delicado e de grande custo, o ministro da Economia reconhece a dificuldade em angariar apoiadores e, assim, oferece possíveis parcerias com os parlamentares.
Para o governo Bolsonaro, a estratégia de oferecer apoio financeiro aos congressistas mira as eleições municipais de 2020. Até lá, os políticos poderão acenar as melhorias feitas com os prometidos repasses, caso apoiem a reforma. Na visão de Guedes, para que isso seja possível, é importante passar com a reforma pelo plenário da Câmara ainda no primeiro semestre.
Além do prazo, Guedes quer fazer uma economia com a reforma. Segundo o levantamento da equipe responsável pela proposta, é possível poupar até R$ 1 trilhão em 10 anos. É com esses recursos que o ministro pretende financiar os apoiadores.
Encontro
No dia 12 de março, em encontro com os líderes dos partidos na Câmara, Guedes escutou críticas ao presidente. Durante essa reunião, ele disse que o grande problema do país é o atual modelo político, pois concentra todo o poder no governo federal e pode ser fator determinante para a corrupção. Na ocasião, o ministro citou como exemplo a construção do estádio do Corinthians, feito apenas para agradar ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em outra referência, Guedes disse que Lula privilegiou Joesley Batista, dono da JBS, com o recebimento de recursos públicos. Isso teria possibilitado o empresário se tornar um dos maiores exportadores de carne do mundo. Em contrapartida, Joesley participou de um esquema de financiamento ilícito de campanhas políticas. O ministro acredita que essa “troca” entre poder político e econômico é parte de um sistema falido.
Guedes precisa primeiro convencer os parlamentares sobre o modelo da “nova política” do governo Bolsonaro. Os políticos querem participação direta dos governadores na aprovação das mudanças nas aposentadorias. Assim, possíveis críticas à reforma não poderão ser utilizadas nas campanhas municipais.
Uma maneira de fazer isso é manter no texto a previsão de alterações na aposentadoria de professores e policiais, o que exigirá confirmação das assembleias locais. Guedes acenou positivamente aos parlamentares e ainda acrescentou que os governadores que não participarem da reforma não receberão recursos para enfrentar a crise fiscal atual.