Partido Comunista chinês convida PSL de Bolsonaro a visitar Pequim
Presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar classificou o convite como “muito bem-vindo”. Chineses tentam se aproximar do novo governo
atualizado
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O Partido Comunista de Pequim convidou membros do partido de Jair Bolsonaro para uma visita à China na esperança de manter uma relação “pragmática” com a próxima gestão do país. No último dia 15 de novembro, a embaixada da China no Brasil enviou uma carta abrindo convite para receber uma delegação de 10 membros do PSL. A ação foi interpretada na diplomacia nacional como uma tentativa dos chineses de se aproximarem do novo governo brasileiro.
Filho do presidente eleito, Eduardo Bolsonaro propôs à Câmara um projeto de lei para criminalizar o comunismo. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro criticou a China, o que levou Pequim a se preocupar com uma eventual vitória do candidato do PSL. No entanto, seus correligionários estão dispostos a atravessar o mundo.
“Recebemos o convite e eu vou levar para a bancada discutir, mas é uma decisão do partido no fim das contas”, disse o presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (foto). Ele acrescentou que ainda não há decisão sobre o convite. O parlamentar classificou o ato como “muito bem-vindo”, mas pontuou que deverá procurar a embaixada para discutir datas. Na sua avaliação, a aceitação do convite não se choca com a linha do futuro governo. “É uma questão de diplomacia entre dois partidos”, disse. “É uma relação civilizada do mundo moderno”, completou.
Também integrante do PSL, o deputado e senador eleito Major Olímpio não vê problemas em aceitar o convite dos chineses. “Por que não?”, disse. “A China é, hoje, o maior parceiro comercial do Brasil”.
Assim que Bolsonaro venceu, jornais chineses que servem de porta-voz para o Partido Comunista alertaram sobre o risco que o Brasil correria se modificasse o tratamento dispensado a Pequim.
Custo econômico
No China Daily, o alerta era de que criticar Pequim “pode servir para algum objetivo político específico, mas o custo econômico pode ser duro para a economia brasileira, que acaba de sair de sua pior recessão da história”, afirmou em editorial.
“Ainda que Bolsonaro tenha imitado o presidente dos EUA ao ser vocal e ultrajante para captar a imaginação dos eleitores, não existe razão para que ele copie as políticas de Trump”, alertaram os chineses. Bolsonaro, ao longo da campanha presidencial, criticou a China. Em fevereiro, ele ainda visitou Taiwan, o que causou irritação em Pequim.
Há também, desde a semana passada, uma percepção entre os diplomatas chineses de que Ernesto Araujo, futuro chanceler, dará atenção especial às relações com o governo americano de Donald Trump.
Não se afastar de Brasília
Agora, a estratégia é a de não se afastar de Brasília. E o primeiro gesto seria por meio do PSL. “Com o objetivo de aprofundar o conhecimento mútuo, o Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China tem a honra de convidar uma delegação do PSL (10 membros) para visita à China no ano corrente”, diz trecho da carta dos orientais.
“A proposta do tema da visita é intercâmbio de experiências de governança e cooperações pragmáticas entre os partidos”, destaca o texto, que usa a referência ao pragmatismo como forma de mandar um recado ao novo governo brasileiro, que tem prometido não ser guiado por “ideologia”.
Os chineses deixam claro que bancam toda a viagem. “As despesas de passagem internacional, alimentação e alojamento na China serão cobertas pela parte chinesa”, esclarece. “Seria muito bom se o PSL pudesse apresentar a sua proposta de visita (data, composição de delegação e temas de interesse)”, sugerem os chineses.