Para tentar “estancar sangria”, Bolsonaro toma café da manhã com PSL
Encontro servirá para unificar discurso no partido do presidente a fim de enfrentar ambiente de “desconfiança” devido a suspeitas de desvios
atualizado
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Minimizar o impacto da demissão do ministro Gustavo Bebianno em seu próprio partido será o objetivo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), que marcou de tomar café da manhã com deputados e senadores de sua bancada nesta quarta-feira (20/2).
O presidente, no encontro, tentará acertar a articulação do governo no Congresso e afinar o discurso com seus colegas de partido. O objetivo é enfrentar o ambiente de desconfiança que predomina no parlamento, instaurado depois da divulgação de um suposto esquema de desvios de recursos do fundo partidário com a utilização de candidaturas laranja.
O encontro estava marcado desde a última semana, mas tornou-se ainda mais importante porque, nesta quarta-feira, Bolsonaro irá pessoalmente ao Congresso entregar o texto da reforma da Previdência. Diante do clima gerado no parlamento e no próprio partido do presidente, o objetivo será unificar as falas para superar a crise de imagem.
“Agora, o ponto é estancar a sangria”, disse a deputada Joice Hasselmann, uma das interlocutoras mais próximas do governo na Câmara.
“Fotografia”
Em meio às conversas para a demissão do secretário, a deputada chegou a alertar o presidente sobre a “fotografia preto e branco” do Congresso e o clima de desconfiança dos líderes partidários com a divulgação das denúncias.
“Quando eu vi que os líderes entraram em um clima de dizer que tem ruído aí, liguei o sinal amarelo e tentei atuar para que o sinal vermelho não fosse ligado. É isso que a gente tem que fazer agora.”
Joice disse ainda que tentou, durante o final de semana, evitar a demissão e conciliar ânimos mais exaltados, tanto da parte do ex-ministro quanto do presidente da República. “Eu fiquei de juíza de conciliação”, disse a deputada.
No PSL, é corrente a avaliação de que a crise do governo não acabou com a demissão de Bebianno. “Como vieram à tona esses áudios…”, disse a deputada, descrente em um arrefecimento da situação do governo. Ela afirmou não acreditar que a divulgação tenha partido do próprio ministro demitido.
“Não sei quem divulgou. Eu não consegui falar com o ministro. Eu até creio que não foi ele, porque acho que ele não faria isso. Ele não divulgaria. Eu ouvi esses áudios na semana passada e disse que deveríamos tentar botar um pouco de água na fervura”, contou.