Para Haddad, compreensão popular facilita migração de votos de Lula
O candidato a vice minimizou o pouco tempo de campanha como fator negativo para a transferência do apoio. Estratégia será definida por Lula
atualizado
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Em visita a Alagoas, neste domingo (2/9), o candidato a vice na chapa petista, Fernando Haddad, minimizou o pouco tempo que ainda resta da corrida eleitoral (pouco mais de um mês) como fator que dificultaria a transferência de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ele como titular na chapa.
Para Haddad, já existe um entendimento profundo da população sobre o que está ocorrendo, o que facilitaria a compreensão da troca de candidatura.
“Eu acredito que a população brasileira está acompanhando os nossos movimentos e os do presidente Lula, não só com muita atenção, mas também com muita sabedoria”, destacou o candidato em entrevista coletiva concedida ao lado do senador Renan Calheiros (MDB-AL), aliado do PT no Senado, e de seu filho, Renan Filho (MDB), governador do estado que tenta a reeleição.
Lula teve seu registro de candidatura negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última sexta (31/8). Agora, o PT espera o comando do ex-presidente para substituir a chapa Lula/Haddad pela candidatura de Haddad, tendo como vice, Manuela D’Ávila (PCdoB).
O candidato a vice disse acreditar que os movimentos da campanha petista, até agora, foram bastante acertados e que, por isso, a população entendeu as dificuldades e as formas que o partido encontrou para enfrenta-las.
“Não é por outra razão que desde 7 de abril, quando Lula foi inconstitucionalmente preso, ele só cresce nas pesquisas. Sei que isso tem muito a ver com a pessoa que ele é, com a liderança que ele é. Mas, também, tem a ver com o nosso comportamento frente a ele. Não só do PT, mas também de muitos aliados e amigos que conhecem o Lula de três, quatro, cinco décadas.
“Tem gente que acompanha a trajetória do Lula há 50 anos. Estas pessoas saíram em sua defesa, estão ao seu lado e reconhecem nele a liderança para tirar o país da crise”, destacou.
Qualquer anúncio sobre os rumos da campanha só ocorrerá após a visita ao ex-presidente na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, nesta segunda (3/9). Haddad evitou antecipar opinião sobre o que será feito da chapa petista.“Então, nós não imaginávamos isso”, disse, referindo-se à inclusão do julgamento do registro na sexta.
“Por isso é que nossa reunião de quinta, dos advogados, que tratou da sexta, em função da convocação da extraordinária, não tratou do registro. Por isso, vamos levar um novo cenário para ele que não estava previsto. Como ninguém o visitou, desde então, se houver novidade é amanhã”, apontou.
Caminhos
O partido pode optar pela substituição do titular, de imediato, ou então, entrar com uma liminar para tentar garantir Lula encabeçando a chapa, sub judice, até o dia 17 de setembro, prazo limite para a troca de candidatura. O caminho será escolhido com base na capacidade de transferência dos votos, ou seja, será avaliado se este potencial é maior agora, com a discussão do julgamento bastante presente na cabeça das pessoas, ou no dia 17, levando até lá a imagem da injustiça da prisão de Lula em todos os atos de campanha.
“Eu não posso antecipar o que vai acontecer no dia 7 de outubro. Sei que, se o Lula for registrado, ganha no primeiro turno. Isso aí ninguém me tira da cabeça”, disse Haddad.
Na entrevista, o ex-prefeito de São Paulo voltou a criticar o “casuísmo” que rondou o julgamento do registro. “Para nossa surpresa, às 3h da madrugada, o Ministério Público apresentou questionamento da defesa do Lula e, faltando 19 minutos para o fechamento da pauta, entrou o julgamento do registro. Então, não esperávamos que o procedimento fosse este. Estendíamos que as condições para o julgamento de Lula fossem os mesmos dos outros candidatos”, observou.
“Mas, infelizmente, para ele, parece que tem outra legislação. Não é a que vale para todo mundo. Existe uma legislação para o Lula e outra que vale para todos os brasileiros. É isso que salta à vista”.