Mourão sobre Carlos Bolsonaro: “Não me conhece. Nunca sentou comigo”
Em entrevista ao Le Monde, vice-presidente falou sobre relação com Bolsonaro, desempenho do governo e regime militar: “matou poucas pessoas”
atualizado
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O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), que travou nos últimos dias um embate com um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), concedeu uma entrevista ao jornal francês Le Monde. O general falou sobre a relação com o chefe do Executivo, o desempenho do governo e a atuação dos militares durante a ditadura.
O texto, assinado pela correspondente do Le Monde no Brasil, Claire Gatinois, comenta o “ambiente estranho que reinava nos corredores do anexo do palácio presidencial”, onde Mourão deu as declarações à jornalista. “Em seu escritório, com os olhos vermelhos pelo cansaço, o militar da reserva descarta os ataques do filho de Bolsonaro, considerados por sua equipe como problemas psiquiátricos”, diz a repórter francesa.
Na visão do Le Monde, a situação delicada causada pelas acusações de Carlos ao general, de que o vice-presidente deseja tomar o lugar do presidente da República, se dá por conta das investidas de Mourão para “apagar o fogo das polêmicas criadas pelo presidente brasileiro”.
Ao comentar a queda de braço com o filho de Bolsonaro, Mourão ressaltou que Carlos não o conhece. “Ele nunca se sentou comigo para conversar”, afirmou. Disse ainda que não “desempenha um papel importante” no governo. “Eu sou um auxiliar, não sou um agente moderador, nem um intérprete do presidente”, pontuou.
De acordo com o jornal francês, o vice-presidente afirmou confiar “no líder de extrema direita” (como intitula o Le Monde), e chegou a minimizar os problemas dos 100 primeiros dias de governo. “A situação não é assim negativa. São problemas, é verdade, mas a maioria das pessoas que critica Bolsonaro não se dá conta que ele teve problemas de saúde seríssimos”, argumentou Mourão.
No texto, a corresponde afirma que o general da reserva evita empregar o termo ditadura ao se referir ao regime que dominou o país por 21 anos, entre 1964 e 1985. O vice-presidente afirmou que a grande conquista desse período teria sido “impedir o Brasil de ter caído na ditadura do proletariado”.
“No final, o regime militar matou muito poucas pessoas”, disse o vice-presidente brasileiro ao Le Monde. A publicação lembra que 434 assassinatos aconteceram durante a ditadura militar no Brasil.