Moro evita comentar suspeitas sobre ex-assessor de Flávio Bolsonaro
Ex-coordenador da Lava Jato limitou-se a acenar aos jornalistas ao ser questionado sobre as “movimentações atípicas” identificadas pelo Coaf
atualizado
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Indicado a ministro da Justiça e Segurança Pública do próximo governo, Sérgio Moro evitou comentar o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou transações atípicas do policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro. Questionado nesta sexta-feira (7/12) sobre o caso, o juiz que coordenou a Operação Lava Jato limitou-se a acenar para os jornalistas, se despedindo.
Após entrevista no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do gabinete de transição, na qual anunciou mais dois nomes de sua equipe no Ministério da Justiça, Moro ouviu as perguntas referentes ao filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, sobre as movimentações entre contas dele e de sua filha, Nathalia Melo de Queiroz.
Entre essas transações está um cheque para a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil. Mesmo assim, saiu rapidamente sem responder nenhum outro questionamento.
O Coaf será de responsabilidade do Ministério da Justiça, a ser comandado por Moro a partir do ano que vem. O órgão terá como presidente o auditor da Receita Federal Roberto Leonel. Atualmente, o Coaf é vinculado ao Ministério da Fazenda.
Monitoramento
Fabrício Queiroz atuou como motorista e segurança de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O relatório do Coaf aponta transações anormais em uma conta em nome de Queiroz. Por ela, o então assessor movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e o mesmo mês de 2017. Uma das transações é o cheque destinado à futura primeira-dama.
Nathalia é citada em dois trechos do relatório. O documento não deixa claro os valores individuais das transferências entre ela e seu pai, mas junto ao nome de Nathalia está o valor total de R$ 84 mil. A filha do PM foi nomeada em dezembro de 2016 para trabalhar como secretária parlamentar no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara.
No dia 15 de outubro deste ano ela foi exonerada, mesma data em que seu pai deixou o gabinete de Flávio, na Alerj. Nathalia recebeu em setembro, pelo gabinete de Jair, um salário de R$ 10.088,42.
O documento do Coaf que mapeou, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), as movimentações financeiras dos servidores da Alerj foi anexado à investigação que deu origem à Operação Furna da Onça, que levou à prisão 10 deputados estaduais do Rio.
Flávio Bolsonaro usou o Twitter para defender o ex-funcionário. “Fabrício Queiroz trabalhou comigo por mais de dez anos e sempre foi da minha confiança”, escreveu o filho do presidente eleito. “Nunca soube de algo que desabonasse sua conduta.” Queiroz disse que não iria se pronunciar. Nathalia não foi localizada. Procurado, o gabinete de Jair Bolsonaro não se manifestou.