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Moro defende investigação sobre ex-assessor de Flávio Bolsonaro

Para futuro superministro da Justiça, presidente eleito já esclareceu a parte que lhe cabe no episódio

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Futuro ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro manifestou-se, pela primeira vez, nesta segunda-feira (10/12), sobre o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta do ex-policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz.

O policial é ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Uma das movimentações identificadas pelo Coaf é um cheque de R$ 24 mil depositado na conta da futura primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Moro sugeriu uma investigação sobre o caso. “Sobre o relatório do Coaf sobre movimentação financeira atípica do sr. Queiroz, o sr. presidente eleito já esclareceu a parte que lhe cabe no episódio. O restante dos fatos deve ser esclarecido pelas demais pessoas envolvidas, especialmente o ex-assessor, ou por apuração.”

O ex-juiz declarou ainda que não tem “esse papel” de comentar ou de interferir em casos específicos. “O ministro da Justiça não é uma pessoa para ficar interferindo em casos concretos”, afirmou.

“Vou colocar uma coisa bem simples. Fui nomeado para ministro da Justiça. Não cabe a mim dar explicações sobre isso. Eu acho que o que existia no passado de um ministro da Justiça opinar sobre casos concretos é inapropriado.”

Neste domingo (9/12), Bolsonaro afirmou que Fabrício Queiroz, ex-motorista de seu filho Flávio, é quem dará as explicações sobre os depósitos que foram feitos em sua conta. Disse, ainda, que não conversou com o ex-assessor do filho sobre o caso.

Fabrício José Carlos de Queiroz foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro. Registrado como “assessor parlamentar”, Queiroz é também policial militar e, além de motorista, atuava como segurança do deputado.

O Coaf informou que foi comunicado das movimentações de Queiroz pelo banco porque elas são “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira” do ex-assessor parlamentar. O relatório também cita que foram encontradas na conta transações envolvendo dinheiro em espécie, embora Queiroz exercesse uma atividade cuja “característica é a utilização de outros instrumentos de transferência de recurso”.

Uma das transações na conta de Queiroz citadas no relatório do Coaf é um cheque de R$ 24 mil destinado à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. A compensação do cheque em favor da mulher do presidente eleito Jair Bolsonaro aparece na lista sobre valores pagos pelo PM.

“Dentre eles constam como favorecidos a ex-secretária parlamentar e atual esposa de pessoa com foro por prerrogativa de função – Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil”, diz o documento do Coaf.

Na sexta-feira (7/12), ao site O Antagonista, Bolsonaro confirmou uma justificativa que vinha sendo difundida reservadamente ao longo do dia por seus auxiliares próximos. O repasse, disse o presidente eleito, se refere a uma parcela do pagamento de um débito antigo de Fabrício Queiroz com ele.

“Emprestei dinheiro para ele em outras oportunidades. Nessa última agora, ele estava com um problema financeiro e uma dívida que ele tinha comigo se acumulou. Não foram R$ 24 mil, foram R$ 40 mil. Se o Coaf quiser retroagir um pouquinho mais, vai chegar nos R$ 40 mil”, disse Bolsonaro ao site.

Também na sexta, Flávio Bolsonaro saiu em defesa de Queiroz. O senador eleitor disse que o ex-assessor lhe apresentou “uma explicação plausível” para a movimentação de R$ 1,2 milhão em um ano. Flávio Bolsonaro se recusou três vezes, porém, a revelar a versão apresentada pelo ex-assessor sob a justificativa de que estava atendendo a um pedido do advogado de Queiroz.

“Assim que ele for chamado ao Ministério Público, vai dar o devido esclarecimento.” Flávio disse ainda concordar que a quantia movimentada pelo ex-assessor em um ano “é muito dinheiro”.

“O acusado é ele (Queiroz), não eu”, ponderou. “A versão que ele coloca é bastante plausível, mas não sou eu que tenho de ser convencido, é o Ministério Público.”

Auxiliares afirmam que Jair Bolsonaro conheceu Fabrício Queiroz em 1984. Os dois integravam a mesma turma de um curso no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista.

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