Mesmo sem coalizão, Congresso teve atuação governista em 2019
Pesquisa do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB) divulgada nesta quarta mostra proximidade do parlamento com o presidente Bolsonaro
atualizado
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Mesmo sem construir uma coalizão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conseguiu, em 2019, contar com uma atuação governista do Congresso Nacional. Uma pesquisa do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB) divulgada nesta quarta-feira (05/02/2020) revela apoio ao chefe do Palácio do Planalto.
Para medir a tendência, o OLB usou um algoritmo que avaliou os votos nominais dados no plenário em 2019. Ele diferencia votos e votações por ordem de importância. O resultado gera um ranking que permite posicionar os parlamentares numa escala que varia de 0 a 10. Notas próximas de 10 indicam atuação mais favorável à posição governista, as próximas de 0, uma atuação mais oposicionista.
Na Câmara, dos 513 deputados federais que tiveram votos nominais registrados (incluindo suplentes que assumiram mandatos), 73,4% tiveram notas maiores que 7 no ranking.
O número é semelhante ao observado no primeiro ano dos mandatos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, de acordo alguns estudos da área.
Na Câmara, os parlamentares com atuação mais governista são do PSL e do NOVO, com destaque para nomes mais conhecidos como os de Nereu Crispim (PSL-RS), Gurgel (PSL-RJ), Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF).
Já na oposição, os parlamentares mais radicalmente contrários ao governo são os do PSol, com destaque para Ivan Valente (PSol-SP), Áurea Carolina (PSol-MG) e Talíria Petrone (PSol-RJ).
Senado
No Senado, o governismo também é elevado. Ao todo, 20 senadores atingiram a nota máxima no ranking, e 19 chegam perto disso. Quase 50% dos 81 senadores que tiveram votos nominais registrados têm notas 9 ou 10 no ranking do OLB.
Lá, apenas um senador do PSL — ex-partido de Bolsonaro — está entre os 10 mais governistas: Soraya Thronicke (PSL-MS). Na base de apoio ao governo, também se destacam representantes de outros partidos como Luis Carlos Heinze (PP-RS), e Sérgio Petecão (PSD-AC).
Na outra ponta, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Paulo Paim (PT-RS) e Jacques Wagner (PT-BA), por sua vez, aparecem no ranking como os aqueles que mais fizeram oposição à agenda governista, com notas muito próximas de zero.
Metodologia
Para calcular o ranking de governismo na Câmara dos Deputados e no Senado, coletamos informações sobre todas as votações nominais — aquelas nas quais parlamentares têm seus votos registrados em plenário.
Em uma segunda etapa, foram excluídas votações que não tiveram conflito, isto é, votações nas quais não houve sequer 2% de parlamentares que votaram contrários à maioria vencedora. O procedimento, segundo o OLB, evita que votações unânimes entrem no cômputo do governismo. Ao final, a amostra analisou 252 votações na Câmara e 28 no Senado.