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Manuela sobre gestão Bolsonaro: “É um governo distante da realidade”

Ao lançar livro em Brasília, a ex-candidata fala sobre a violência contra a mulher e planos da esquerda para as próximas eleições

atualizado

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Manuela D’Ávila
1 de 1 Manuela D’Ávila - Foto: Reprodução / Facebook

Ex-candidata à Presidência da República, ex-deputada e promessa da esquerda para a prefeitura de Porto Alegre (RS) em 2020. Manuela D’Ávila lançou nessa quinta-feira (23/05/2019), na Universidade de Brasília (UnB), o livro Revolução Laura, que relata as mudanças da maternidade.

No plano nacional, seu partido, o PCdoB, acredita em Flávio Dino, governador do Maranhão e tido no meio político da esquerda como o “vice ideal”.  Em entrevista ao Metrópoles, Manuela diz que não vê nenhuma contradição em os comunistas apostarem em um nome para suceder Jair Bolsonaro (PSL) no comando do país e, ao mesmo tempo, conseguir arrematar uma aliança mais ampla de esquerda.

“Evidentemente que, para nós, a unidade das forças progressistas é algo importante. Não estamos diante de qualquer governo, assim como não estávamos, nas eleições, diante de qualquer ameaça à democracia brasileira”, avalia Manuela. “Nós temos um nome extraordinário, como o Flávio Dino, que governa o Maranhão, que pôs fim à oligarquia Sarney. Não há uma contradição entre candidatura própria e união da esquerda. Nós podemos ter as duas coisas”, diz.

O nome da vice do petista Fernando Haddad na corrida presidencial de 2018 aparece em primeiro lugar para a prefeitura de Porto Alegre (RS), de acordo com uma consulta divulgada nesta semana pelo instituto Paraná Pesquisas. Mesmo com muita água para rolar até outubro de 2020, o levantamento ainda indica uma resistência forte aos candidatos de direita.

Manuela ainda não se coloca como candidata. Ela diz que haverá uma discussão ampla no partido, considerando a necessidade de uma união na capital gaúcha das forças de centro e esquerda com o objetivo de vencer o pleito.

“Essa pesquisa é reveladora de algo que para mim é tão ou mais importante que o fato de eu ser a primeira colocada. De que 35% da população faz opção por candidatura de centro ou de centro-esquerda, contra 10% que faz opção por candidatura de direita ou de extrema-direita”, observa.

Durante a entrevista, a pequena Laura, hoje com 2 anos e com uma companha presidencial no currículo, repete ao lado da mãe. “Dez por cento?”

Incapacidade de Bolsonaro
Para Manuela, o presidente Jair Bolsonaro tem se mostrado incapaz de favorecer inclusive setores da economia que apostaram em seu nome. “É um governo absolutamente distante da realidade”, crava a comunista.

“Eu torço para que as eleições 2020 sejam um espaço de construção de opções mais próximas da realidade e moderadas em todos os campos políticos. O que o governo Bolsonaro vem mostrando, a cada dia, a partir do exercício do poder pelo próprio presidente, é que ele é absolutamente apartado da vida real”, explica.

Segundo ela, isso ficaria evidente “em suas opiniões; na maneira como trata a política, como se fosse um outsider, sendo ele a fina flor dos insiders; por ser ele próprio deputado há tanto tempo; por ter eleito toda a família, tal qual as capitanias hereditárias faziam, com uma nova forma de coronelismo na política; na forma como ele elege seus filhos e os distribui nos estados do Sudeste para conseguir garantir cadeiras em vários espaços”.

Violência
Para Manuela D’Ávila, outro traço do atual governo é a “autorização” da violência. Ela relaciona as ideias defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro com os altos índices de violência contra a mulher registrados nos últimos meses.

“Nós vivemos um governo que tem entre os seus principais líderes pessoas que defendem e autorizam esse comportamento violento. Os dois gurus do presidente da República, o morto e o vivo, Caros Alberto Brilhante Ustra e Olavo de Carvalho, um defende a tortura e outro que comunistas sejam insultados”, exemplifica. “Assim como há um discurso nitidamente contrário ao direito das mulheres e os avanços relacionados a isso. Nós temos meses que batem recorde de violência contra a mulher. Para mim, isso se chama autorização da violência”, pondera.

Comigo ninguém vai gritar. Gritou? Vai ter que assumir na frente do juiz. Esse comportamento é autorizado pelos gurus do presidente e é legitimado por um manto de impunidade

Manuela D'Ávila

Revolução
No livro Revolução Laura, Manuela trata da maternidade, com suas maravilhas e renúncias, além da ocupação do espaço público pelas mulheres, principalmente as que têm filhos.

“Não é um processo somente maravilhoso, como idealizam, ou como vendem para a maioria das mulheres. É um processo dolorido com muitas etapas de transformação. Não é uma transformação só positiva. É uma revolução mesmo. Profunda, como são as revoluções”, compara. “O livro retrata um processo e um deles sou eu com Laura, ocupando um espaço público com ela na campanha”, descreve.

A reflexão sobre a equidade entre os papéis das mulheres e dos homens diante dos filhos gerados é inevitável, visto que a carga da criação recai muito mais sobre as mulheres. “Existem outras marcas da maternidade que, para mim, o equívoco é não serem marcas da paternidade. O errado não é as mulheres renunciarem a determinadas coisas por causa da maternidade. O errado é as mulheres não terem com quem compartilhar. A maternidade muda muito mais a vida das mulheres e muda mais porque não muda nada a vida dos homens”, observa. “Poderia mudar muito menos se mudasse também a vida dos homens”, completa.

Autorização
Segundo Manuela, uma das coisas que mais a motivaram a encarar uma campanha com Laura nos braços foi a contrapartida de outras mulheres que também se sentiram capazes de levar seus filhos e atuarem, de forma ativa, na política.

“Eu chegava nos lugares e via que dezenas de mulheres começaram a frequentar os espaços políticos com seus filhos. As mulheres entendem o que é isso. É uma autorização à existência. Uma me vê com filho e vai. Eu vejo outra com filho e me animo a ir. Quando se vê uma mulher sozinha no cinema eu penso que também posso ir”, encerra a provável candidata a prefeita de Porto Alegre.

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