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Manuela D’Ávila prestará depoimento sobre ação de hacker, diz defesa

Advogado da ex-deputada federal afirma que ela se colocará à disposição de autoridades quando voltar ao Brasil

atualizado

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Manuela D'Ávila
1 de 1 Manuela D'Ávila - Foto: Divulgação

Quando retornar ao Brasil, a ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) prestará depoimento sobre a Operação Spoofing, informou a defesa nesse domingo (28/07/2019). A candidata à vice na chapa de Fernando Haddad (PT) na disputa presidencial do ano passado deve voltar de viagem em até 15 dias.

Segundo o advogado Alberto Toron, Manuela saiu do país no dia 23 de junho para fazer um curso na Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. Toron afirmou que colocará a ex-deputada federal à disposição das autoridades para “prestar todos os esclarecimentos que dela forem solicitados”. “Assim que chegar ao Brasil, prestará depoimento na data em que a autoridade determinar”, disse.

Na sexta-feira (26/07/2019), Walter Delgatti Neto, conhecido como Vermelho, disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que fez contato com o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, por meio de Manuela. Delgatti Neto foi um dos presos na Operação Spoofing, suspeito de hackear telefones de autoridades.

Em nota, Manuela disse que, em maio, o aplicativo Telegram foi invadido e confirmou ter repassado ao “invasor” do celular o contato de Greenwald. Desde o início de junho, o site The Intercept Brasil, cofundado pelo jornalista americano, tem divulgado trocas de mensagens entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato.

A defesa de Manuela afirma que a ex-deputada não tomou parte na ação do suposto hacker. “Ela não teve envolvimento nenhum com apoio financeiro [a Delgatti Neto] ou coisa parecida. Manuela não tem preocupação alguma, apenas preocupação em dizer a verdade”, afirmou Toron. “Ela simplesmente indicou o jornalista Glenn e se retirou do cenário.”

O líder do PCdoB na Câmara, o deputado federal Orlando Silva (SP), disse que o partido está “absolutamente solidário à Manuela”. O parlamentar ressaltou que, desde sexta-feira (26/07/2019), todos os líderes da legenda manifestaram apoio por meio das redes sociais. “Manu fez o que qualquer pessoa séria faria. Infelizmente, a razão perdeu espaço no Brasil”, afirmou.

Silva disse ainda que espera que a invasão ao celular de Manuela seja explicada. O líder do PCdoB também cobrou que Sergio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol ofereçam seus aparelhos telefônicos para perícia.

PCdoB vai convocar Moro para esclarecer atuação na Operação Spoofing
De acordo com Silva, já existe um requerimento pronto para convocar Moro a prestar esclarecimentos aos parlamentares sobre a Operação Spoofing. Na última quinta-feira (25/07/2019), o ministro da Justiça avisou autoridades que tiveram celulares hackeados que o material obtido de maneira ilegal seria destruído.

Para o parlamentar, a atitude do ministro seria uma “ilegalidade flagrante” e configuraria desrespeito ao artigo 325 do Código Penal, que versa sobre quebra de sigilo funcional. “Como Moro teve acesso a inquérito sigiloso? Esse é o domínio do Judiciário e da Polícia Federal”, disse Silva. “Pior, se teve acesso enquanto autoridade e servidor público, não poderia quebrar o sigilo. Queremos ouvi-lo.”

Segundo o líder do PCdoB, o partido vai conversar com lideranças partidárias para decidir se a convocação de Moro será para uma audiência no plenário ou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Vamos trabalhar para ser uma convocação com apoio de todos os partidos”, afirmou. “Não é assunto da esquerda nem da oposição. Queremos o respeito à Constituição e às leis.”

O Estado apurou na última quinta-feira (25/07/2019) que o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio Noronha, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, receberam contatos de Moro sobre a operação da PF.

No sábado (27/07/2019), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que a decisão sobre uma possível destruição de mensagens não cabe a Moro. “O Moro não fará nada que a lei não o permita fazer. Agora, foi uma invasão criminosa”, disse.

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