Maia sobre não articular reforma: “Não vou ser mulher de malandro”
Presidente da Câmara nega mágoa com o presidente Bolsonaro, mas diz que não vai ficar “no meio dessa briga levando pancada da base”
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao ser cobrado sobre as condições da reforma da Previdência da Câmara disse nesta segunda-feira (8/4) que, por ter sido “mal compreendido” teve que deixar de fazer a articulação política para a aprovação da proposta do governo, referindo-se às rusgas com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) em torno de sua movimentação. “Perdi as condições de fazer o que eu tinha que fazer porque fui mal compreendido”, observou
Maia disse que não se sente magoado com o presidente, mas que também não será um articulador político do governo e ficar “tomando pancada” da base de Bolsonaro. “De jeito nenhum”, negou a mágoa. “Mas também não vou ficar no meio dessa briga levando pancada da base do presidente. Não vou ser mulher de malandro, ficar apanhando e achar bom”, disse Maia.
“Dei opinião, mas fui mal interpretado. Não dou mais opinião sobre articulação política”, enfatizou o presidente da Câmara.
O deputado avaliou que o desgaste de imagem do presidente também afeta o clima político para a aprovação da proposta. Para Maia, a deterioração da imagem de Bolsonaro não atinge só a ele e exemplificou usando o episódio de desgaste da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
“O desgaste do presidente não atinge só o presidente. Está todo mundo vendo a queda. Ele está mais fraco”, disse Maia.
“Não acho que não é nada grave, mas as expectativas vão piorando. Quando a Dilma estava no fundo do poço, o Parlamento também estava. Quando Bolsonaro foi eleito, o Parlamento também recuperou ali sua imagem”, observou.
Reeleição em 2022
Maia disse não ver preocupação com um possível “fortalecimento” de Bolsonaro com a aprovação da Nova Previdência, o que poderia se traduzir em sua reeleição em 2022. “Acho que todo mundo fica forte com a aprovação da Previdência”, ressaltou o presidente Câmara.
“Agora, se ele aprovar a reforma, o Brasil crescer, gerar emprego e a capacidade de investimento, foi um bom presidente, merece ser reeleito. Por que não? O sistema é feito basicamente para o presidente ser reeleito”, disse, ao participar de um debate com o ministro da Economia, Paulo Guedes, realizado pelos jornais O Globo e Valor Econômico.
Apesar de negar a articulação política da reforma, Maia se prontificou a promover um grande debate sobre o tema com governadores e prefeitos