Maia sobre críticas do governo ao Congresso: “Peixe morre pela boca”
O presidente da Câmara tem articulado a inclusão de estados e municípios na reforma. A negociação atrasou a leitura do novo texto do relator
atualizado
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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira (27/06/2019) que “peixe morre pela boca”. A declaração foi em resposta às críticas de integrantes do governo ao trabalho exercido pelo Parlamento durante a tramitação da reforma da Previdência. O democrata ressaltou que é preciso ter “menos intriga e mais política” para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 6 de 2019 na Casa.
“O peixe morre pela boca. Menos intriga, mais política, mais unidade para aprovar a Previdência”, disparou. O deputado pediu que o ministro da Economia, Paulo Guedes, dê suporte na articulação da reforma com os parlamentares. “Precisamos que a equipe econômica volte a nos ajudar como nos ajudou até a apresentação do relatório do Samuel [Moreira]”, destacou.
Nessa quarta (26/06/2019), segundo publicação do jornal O Globo, Guedes teria dito ao governador do Ceará, Camilo Santana (PT), que o “Congresso é uma máquina de corrupção”. A assessoria de imprensa da pasta da Economia, contudo, negou que a fala tenha sido dita nesse contexto.
“Guedes disse na reunião que valoriza o trabalho do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), e dos líderes do Congresso, e que usou a frase no sentido contrário, de que o confronto entre ele e o presidente da Câmara só prejudicaria o país”, assinalou.
Não é de agora que a relação entre o economista e Maia está abalada. Quando o relator da proposta, Samuel Moreira (PSDB-SP), apresentou o parecer da Previdência, Guedes criticou o trabalho dos parlamentares. Isso porque ficaram de fora do relatório pontos defendidos pelo ministro, como o sistema de capitalização.
Texto substitutivo
Moreira vai apresentar, na próxima terça-feira (02/07/2019), voto complementar com algumas alterações no relatório inicialmente elaborado. Após reunião com Maia e lideranças partidárias, ficou definido o adiamento da leitura do texto substitutivo, com o objetivo de conseguir negociar com governadores a inclusão de estados e municípios na PEC.
O deputado fluminense, que tem conversado com os representantes das unidades federativas desde quarta (26/06/2019), ainda não conseguiu chegar a um acordo para incluir estados e municípios na proposta. Mas estabeleceu, junto com Moreira, o prazo para analisar o novo parecer somente na próxima semana. “Com ou sem estados”, frisou. A ideia é que a votação ocorra a partir da próxima quarta (03/07/2019).
Por isso, a sessão da Comissão Especial desta quinta-feira foi cancelada. O presidente do colegiado, Marcelo Ramos (PL-AM), avisou aos integrantes da decisão na noite dessa quarta, depois de Maia convocar o encontro para esta manhã, na residência oficial da Câmara.
“Demos um passo importante. Mas nosso limite [para incluir estados e municípios] é terça. Trabalhamos e votamos [o parecer] na próxima semana, para depois ir ao plenário [da Câmara] na semana seguinte”, explicou. Maia trabalha para que a tramitação da PEC na Casa seja encerrada até a segunda semana de julho, antes do recesso parlamentar.