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Lula pediu US$ 40 milhões em propina, segundo Marcelo Odebrecht

De acordo com o site da revista Veja, contrapartida foi a liberação de US$ 1 bilhão em financiamentos do BNDES para empreiteira

atualizado

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LULA
1 de 1 LULA - Foto: MICHAEL MELO/METRÓPOLES

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria pedido 40 milhões de dólares à Odebrecht em troca da aprovação de um financiamento bilionário para obras de interesse da companhia em Angola, na África. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (12/4) pelo site da revista Veja.

A troca de favores entre o governo federal e a empreiteira foi revelado pelo ex-presidente da companhia, Marcelo Odebrecht, em depoimento ao juiz Sergio Moro. O magistrado retirou o sigilo do depoimento do empreiteiro um dia após o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin tornar públicas as delações de diretores e ex-diretores do grupo Odebrecht e pedir a abertura de inquérito contra mais de 70 políticos com foro privilegiado.

No despacho que decidiu pela divulgação do depoimento do ex-presidente da empreiteira, o juiz Moro destaca: “Como já disse anteriormente, não deve o Judiciário ser o guardião de segredos sombrios. Além disso, a publicidade previne vazamentos ilegítimos, lamentáveis e de difícil controle”.

O executivo contou ao magistrado que, entre 2009 e 2010, teria sido procurado pelo então ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Em nome do então presidente da República, o ministro afirmou que o governo poderia aprovar financiamento de 1 bilhão de dólares no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) caso o grupo pagasse US$ 40 milhões, conforme o relato de Marcelo Odebrecht.

“Nós tínhamos interesse, era exportação de bens e serviços, tínhamos fechado vários contratos em Angola e que só demandavam essa linha de crédito para fazer exportação de bens e serviços. Quando veio essa negociação, de 1 bilhão, como sempre a gente fazia, a gente tentou mostrar com embasamento técnico que ali era importante […]”, relatou o ex-presidente da empreiteira.

Segundo ele, foi a primeira vez que o grupo recebeu um pedido dessa natureza. “No caso específico dessa negociação, 2009 e 2010, até acho [que era] porque estava se aproximando a eleição, veio o pedido solicitado pra mim por Paulo Bernardo na época, que veio por indicação do presidente Lula, para que a gente desse uma contribuição de 40 milhões de dólares e eles estariam fazendo a aprovação de uma linha [de crédito] de 1 bilhão de dólares”, detalhou.

Desconto
Segundo a reportagem da Veja, a Odebrecht conseguiu descontar 10% do valor pedido, uma vez que os recursos teriam origem em negócios no exterior e seria preciso pagar taxa de transferência do dinheiro para o Brasil. Coube ao ministro da Fazenda, Antônio Palocci, aprovar o abatimento. Assim, o repasse final foi de R$ 64 milhões, de acordo com o câmbio da época. Marcelo Odebrech teria revelado ao juiz Moro que o valor foi creditado diretamente na conta paralela que o PT mantinha junto à empreiteira – e que era gerenciada pessoalmente pelo delator. Uma parte desses recursos, como revelou o próprio empreiteiro, foi usada para pagar despesas de Lula.

É a primeira vez que vem a público um testemunho em que Marcelo Odebrecht afirma, com clareza, que o ex-presidente pediu dinheiro para abastecer a chamada conta da propina do PT – da qual ele próprio foi beneficiário, segundo o empreiteiro. No entanto, o delator deixou claro que não houve pedido feito a ele diretamente por Lula. A conta registrou créditos de mais de R$ 200 milhões. Dela eram debitados repasses que a empresa fazia ao partido e seus dirigentes, de acordo com a necessidade. “A Moro, Marcelo Odebrecht deixou claro que os créditos, invariavelmente, vinham de propinas negociadas com a cúpula petista”, afirma a reportagem.

Além do valor pago em troca da liberação do financiamento do BNDES, Odebrecht revelou outro pagamento, no valor de R$ 50 milhões, feito a pedido do então ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega (durante os governos Lula, ele também presidiu o BNDES e, depois, assumiu o ministério da Fazenda, no lugar de Palocci). Esse último valor teria sido liberado em troca de uma medida provisória editada pela União em benefício da empresa Braskem, braço petroquímico da Odebrecht.
EXTRATO – A conta que o PT mantinha junto à Odebrecht: saldo chegou a R$ 200 milhões (Fonte: Veja. com)

Reprodução/Veja.com

Ouça áudio com depoimento de Marcelo Odebrecht:

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