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Léo Pinheiro detona Lula na ação do sítio de Atibaia

Empresário ligado à OAS foi interrogado pela juíza Gabriela Hardt e declarou que ex-presidente se comportava como proprietário do imóvel

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O empresário Léo Pinheiro, da OAS, declarou nesta sexta-feira (9/11) à juíza Gabriela Hardt que o ex-presidente Lula se comportava como o proprietário do sítio de Atibaia e como real beneficiário das obras que a empreiteira realizou no imóvel localizado no interior de São Paulo. Pinheiro detonou Lula em longo relato na ação penal em que o petista é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Segundo o empresário, foi Lula quem o chamou para conversarem sobre as obras do sítio, mas nunca o ex-presidente teria demonstrado preocupação em saber detalhes dos valores empenhados. Ele estima que a empreiteira desembolsou entre R$ 350 mil e R$ 450 mil nas obras de melhorias da área. Apenas a cozinha teria ficado em R$ 170 mil.

Léo Pinheiro também é acusado nesta ação do sítio. Preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, ele está colaborando com as investigações.

O empresário respondeu a todas as perguntas da juíza Gabriela Hardt, sucessora de Sérgio Moro na condução dos processos criminais da Operação Lava Jato no Paraná.

No fim do depoimento, a defesa fez três perguntas a Léo Pinheiro. Na primeira, a advogada do ex-presidente da OAS quis saber:

“Em algum momento, o ex-presidente Lula te questionou acerca de valores dessas obras realizadas no sítio, em algum momento ele perguntou como deveria ser ressarcidas essas despesas gastas?”.

“Não, nunca”, respondeu o executivo.

“As atitudes que o ex-presidente Lula tomou frente ao sítio, me refiro às obras especificamente que a OAS fez no sítio, deixaram dúvida ao sr de que ele era o real proprietário do sítio?”, perguntou a defesa.

“Nenhuma dúvida”, afirmou Léo Pinheiro.

“Deixaram dúvida de que ele seria o real beneficiário dessas obras?”, questionou o advogado.

“Nenhuma dúvida”, disse o ex-presidente da OAS.

Convocação do presidente
O executivo relatou à juíza que, em fevereiro de 2014, foi “convocado pelo ex-presidente Lula para um encontro no Instituto Lula”. No local, contou, o petista “explicou que queria fazer uma reforma, não era uma reforma grande, num sítio em Atibaia”’.

“Era numa sala e numa cozinha e também tinha problema num lago que estava dando infiltração, se eu podia mandar alguém, uma equipe para dar uma olhada. Eu disse: presidente, eu gostaria de ir pessoalmente, o senhor marca o dia que eu vou estar presente. Ele marcou no sábado seguinte”, disse.

Léo Pinheiro narrou que foi ao sítio com Paulo Gordilho, então diretor da OAS Empreendimentos, porque o dirigente já tinha conhecimento dos serviços que nós vínhamos fazendo no triplex do Guarujá.

“Eu preferi que Paulo também continuasse para que essa coisa não ficasse muito divulgada dentro da organização. Eu fui com Paulo num dia de sábado, o presidente combinou comigo de eu ficar aguardando após o pedágio da Fernão Dias, que eu não sabia onde ficava, era difícil de chegar”, afirmou.

“Isso ocorreu, eu fiquei esperando. Fui seguindo o carro dele, estivemos no sítio. Ele e a Dona Marisa me mostraram, a mim e a Paulo, os serviços que eles gostariam de fazer na sala e atingiria a cozinha, porque tinha uma parede que tinha que desmanchar. Nós dissemos: presidente, deixa a gente fazer um projeto e mostrar ao senhor. Fomos ver o lago que estava tendo uma infiltração. Demoramos um pouco para tentar entender como é que estava acontecendo aquilo. Eu disse: olha, o lago, a gente vai ter que esvaziar”.

Como seria a reforma
De acordo com o ex-presidente da OAS, Lula marcou um novo encontro em sua casa, em São Bernardo do Campo, também em um sábado, cerca de duas ou três semanas depois. “Estavam ele e dona Marisa. Eu fui com Paulo e mostramos a ele como é que seria a reforma da sede do sítio”, disse.

“O presidente combinou comigo o seguinte: olha, tudo bem, pode iniciar o serviço. Eu só lhe pediria, Léo, que não, que as pessoas não se apresentassem na cidade de Atibaia, questão de sigilo, que as pessoas não tivessem uniforme, essas coisas, da OAS, que não tivesse nenhuma identificação”, encerrou.

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