Lacuna Nordeste: Bolsonaro quer criar órgão dedicado à região
Secretaria seria ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, pasta que será chefiada por Gustavo Canuto
atualizado
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Sem ao menos um ministro nordestino no time do próximo governo federal e com apenas quatro candidatos do seu partido eleitos pela região, o futuro presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), já se movimenta para preencher a lacuna deixada na composição do primeiro escalão. A ideia que vem ganhando força na equipe de transição é a criação de uma secretaria exclusiva para atender demandas de desenvolvimento do Nordeste brasileiro.
A Secretaria do Nordeste, conforme apurou o Metrópoles, será vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, pasta sob o comando de Gustavo Canuto a partir de 1º de janeiro de 2019. Além disso, o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também estuda trazer atuais parlamentares da região que não conseguiram se reeleger para compor sua equipe. A meta, nesse caso, seria ampliar a articulação no Congresso Nacional com o objetivo de atender demandas dos políticos nordestinos.
Outra atribuição da secretaria ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional seria a de melhorar a imagem do futuro chefe do Executivo nacional entre a população nordestina. Na eleição deste ano, Bolsonaro perdeu para o petista Fernando Haddad em todos os nove estados da região.
A criação de um órgão específico para o Nordeste atenderia a um dos mais importantes pleitos elencados por gestores locais em carta enviada no mês de novembro para o presidente eleito. O Fórum de Governadores do Nordeste reivindica a retomada de obras federais na região.
Um dos principais pedidos dos futuros parlamentares nordestinos do PSL é a aplicação de verbas em captação e distribuição de água pelo interior da região. “Se ele investir nisso, vai consequentemente melhorar os índices econômicos e educacionais, entre outros”, disse o deputado federal eleito Heitor Freire após participar de uma reunião entre a futura bancada do partido na Câmara e Jair Bolsonaro.
Durante a transição governamental, o deputado federal eleito Julian Lemos (PSL-PB) ficou com a responsabilidade de coordenar um grupo técnico dedicado a políticas para o Nordeste. Na avaliação dele, é preciso também confrontar o êxodo de nordestinos por falta de oportunidades de trabalho e desenvolvimento pessoal na região. “Eu falei para o Bolsonaro que o Nordeste tem de ser prioridade. A questão da água é uma delas (…) Temos que trabalhar contra a migração. Os nordestinos querem voltar para casa”, ressaltou.
Baixa representatividade
Para melhorar a imagem no Nordeste, no entanto, Bolsonaro terá de contornar o baixo número de integrantes de sua sigla alinhado ao seu comando. Além de Freire e Lemos, Luciano Bivar (Pernambuco), Professora Dayane Pimentel (Bahia) e General Girão (Rio Grande do Norte) terão vaga no parlamento no ano que vem. O PLS tenta ampliar a representação nordestina da legenda na Câmara: a meta é conseguir adesões, por meio de trocas partidárias, garantir bancada de 62 deputados, e ficar à frente do PT.
Além disso, dos 22 ministros anunciados para compor o governo Bolsonaro, nenhum nasceu no Nordeste. É o primeiro governo desde a Proclamação da República a não ter representante nordestino.
Visita adiada
Na semana seguinte ao atentado sofrido em Juiz de Fora (MG), Jair Bolsonaro (PSL) pretendia visitar capitais nordestinas. Entre 11 e 13 de setembro, Recife (PE), Maceió (AL) e Salvador (BA) eram as cidades que constavam na agenda do à época presidenciável. Após ser esfaqueado, o militar da reserva ficou impedido de fazer campanha corpo a corpo justamente na região onde não conseguiu decolar nas pesquisas de intenção de voto, tampouco nas urnas.
Em outubro passado, Bolsonaro perdeu para Haddad no Nordeste por 69,7% a 30,3% dos votos válidos. Nos estados da região, foram 20,2 milhões de votos para o petista e 8,8 milhões para o presidente eleito.
Numa tentativa de emplacar a candidatura do pesselista país afora, o PSL lançou 13 nomes a governador, cinco deles no Nordeste (Alagoas, Ceará, Maranhão, Piauí e Sergipe). Nenhum conseguiu se eleger.