Joice: não entendo por que tanto temor do Coaf nas mãos de Moro
Líder do governo no Congresso ainda vai avaliar se haverá articulação para reverter decisão nos plenários da Câmara ou Senado
atualizado
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Após ver o governo derrotado na comissão mista que analisa medida provisória (MP-870), que trata da reestruturação dos órgãos do Executivo, a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), considerou estranha a movimentação de alguns parlamentares. Eles teriam mudado de voto e aprovado a volta do órgão de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para as mãos do Ministério da Economia.
Sem citar nomes, a deputada insinuou haver um “temor excessivo” de investigações que poderiam ser conduzidas pela pasta da Justiça e da Segurança Pública.
“Eu não consigo entender o porquê de tanto temor assim do Coaf nas mãos do Ministério da Justiça, nas mãos do ministro Sergio Moro, uma vez que está se tratando de investigação. A Polícia Federal está nas mãos dele. Esse temor excessivo me deixa com uma pulguinha atrás da orelha”, disse a líder.
Joice disse que o governo já havia contabilizado votos a contrários à mudança na noite de quarta-feira (08/09/2019). “Houve parlamentares que tinham se comprometido em deixar o Coaf com o Moro e, estranhamente, mudaram de ideia de ontem para hoje, alguns partidos mudando membros para que tirassem o Coaf das mãos do Ministério da Justiça. A gente vê claramente aí que alguns partidos se posicionaram claramente para retirar o Coaf das mão de Sérgio Moro, fazendo essa troca de ontem para hoje. É uma manobra que foi feita”, disse.
Foram 14 votos contra 11 pela mudança. O texto ainda precisa passar pelos plenários da Câmara e do Senado. Parlamentares do Centrão e da oposição se juntaram para tirar o Coaf das mãos do ministro da Justiça, Sergio Moro, e se articularam para impor uma derrota ao governo. Assinaram o requerimento que devolve o órgão para o Ministério da Economia líderes de PT, PRB, PTB, PP, MDB, Pode, PSC, DEM, PR, Solidariedade e Patriotas.
“Queda da braço”
Joice considerou a mudança um “recado”, sob o discurso de que na maioria dos países democráticos o órgão de controle fica sob responsabilidade da condução da economia.
“A questão da queda de braço aqui e os recados fazem parte do dia a dia do legislativo. É do jogo democrático. Havia um entendimento da maioria. O discurso que foi usado é que na maioria dos países democráticos é assim, está ligado ao Ministério da Fazenda ou Economia. Mas vejo que foi apertadinho, só três votos”, avaliou.
O destaque aprovado na comissão mista foi subscrito por líderes de 10 partidos que somariam maioria na próxima fase de votação, no Plenário da Câmara. Ela disse que ainda conversará com o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e com o ministro Sérgio Moro, antes de decidir se haverá negociações para reverter o resultado.
“É cedo para falar porque como houve essa união aí de partidos e de alguns líderes. Vamos conversar com o presidente da República, com o ministro Sérgio Moro. Nós brigamos até agora, defendemos a oposição original do governo até agora. Há uma vontade, um clamor popular para que esse órgão não ficasse no Ministério da Justiça, que é expressado pelas redes sociais”, disse a deputada, citando as manifestações registradas na quarta-feira no Twitter. “Ontem foi trendind topics no twiteer a #CoafcomMoro”, enfatizou.
“Essa organização de combate à corrupção foi deixada de lado pela vontade de alguns partidos”, reclamou.