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João Doria tenta se distanciar da imagem de Bolsonaro

Na avaliação de aliados e auxiliares, os dois políticos disputam o mesmo segmento de eleitores para a presidência em 2018

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO
JOÃO DORIA COMPARECE À FORMATURA DE SARGENTOS DA POLÍCIA MILITAR
1 de 1 JOÃO DORIA COMPARECE À FORMATURA DE SARGENTOS DA POLÍCIA MILITAR - Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO

O prefeito João Doria (PSDB) aproveitou a passagem por Belém, no Pará, onde acompanhou as festividades do Círio de Nazaré para testar uma nova estratégia que deve pautar a agenda do tucano nos próximos dias. Se distanciar da imagem de “ser um candidato da direita”. Na avaliação de aliados e auxiliares, ele e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), pré-candidato à Presidência, disputam um mesmo segmento do eleitorado, que nas últimas eleições apoiou candidatos tucanos.

No evento religioso, o tucano alfinetou Bolsonaro que também visitou a capital paraense. Ao passo que o parlamentar prometeu que “todo brasileiro devia ter uma arma”, Doria afirmou: “Não defendo que todo brasileiro tenha arma em casa. Apoio o direito de quem deseja ter arma, desde que tenha habilitação para possuir uma.”

Doria avalia que a oratória inflamada do deputado assusta o mercado. “Os grandes investidores temem discursos radicais que dificultem a retomada dos programas econômicos”, disse ele anteontem após participar da procissão do Círio.

A análise do prefeito, feita reservadamente a aliados, é que Bolsonaro avançou sobre o eleitorado do PSDB porque está em campanha aberta, mas esse público, que votou em Fernando Henrique Cardoso ou José Serra no passado não tolera posições radicais. “Sou liberal de centro. Não sou nem direita nem esquerda”, disse a jornalistas, após almoço com empresários na Associação Comercial do Pará.

Antipetismo
Doria tem avaliado internamente que tanto ele quanto Bolsonaro vão disputar votos do antipetismo – caso sua candidatura seja confirmada pelo PSDB ou ele decida sair candidato por outro partido. Por isso, manteve seus ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, porém, Bolsonaro também virou alvo das provocações do prefeito. “Não permitam que extremistas de esquerda e direita se sobreponham à maioria”, disse ele em Belém

Bolsonaro evita ataques ao prefeito. Recentemente em sua página no Facebook chegou a fazer elogios ao tucano ao comentar a pesquisa Datafolha, mas alfinetou. “Ele tá até fazendo um bom trabalho enquanto prefeito de São Paulo. Só tem que louvar, né? Agora, tem uma coisa ao meu lado importantíssima: eu tenho o povo.”

Doria e Bolsonaro têm adotado estratégias diferentes em suas viagens pelo Brasil. Os deslocamentos do deputado, sempre em avião de carreira, são precedidos de intensa campanha no local da visita. Em Belém, o deputado Eder Mauro (PSD-PA) espalhou 40 outdoors pela cidade convocando as pessoas para receberem Bolsonaro no aeroporto. Já Doria viaja em seu avião particular. Um micro ônibus foi alugado para receber sua comitiva, com pouco mais de dez pessoas. Não havia claque no aeroporto, mas o prefeito atraiu grandes plateias nos eventos. O público mais recorrente, porém, é empresarial.

Avaliação
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), disse ontem que todas suas viagens estão mantidas mesmo depois de pesquisa Datafolha revelar a alta taxa de reprovação às ausências do tucano e sua possível candidatura à Presidência. “Não muda nada em relação às viagens, nem nacionais e nem internacionais”, afirmou Doria, que na nesta semana viaja para a Itália.

Sempre que questionado publicamente, o prefeito nega estar em campanha e diz que muitas de suas viagens têm como foco a busca de investimentos. Doria têm argumentado que a Prefeitura não tem recursos e que sua administração depende de apoio do setor privado.

A pesquisa mostrou que sua aprovação entre os paulistanos caiu de 41% para 32%. Metade das pessoas ouvidas acredita que o prefeito viaja mais do que deveria. O levantamento também revelou que 49% acha que as viagens trazem mais prejuízos que benefícios à cidade. O levantamento também apontou que 58% dos paulistanos querem que ele permaneça à frente da Prefeitura, em vez de disputar outro cargo.

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