Janot contrata crítica da Lava Jato para defendê-lo no caso Gilmar
Advogada Dora Cavalcanti já atacou duramente a forma como a operação usava ferramentas como a delação premiada
atualizado
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O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot contratou nesta segunda-feira (30/09/2019) os advogados Bruno Salles, Paula Sion e Dora Cavalcanti (foto em destaque) para sua defesa no caso em que é investigado por ter confessado o plano de matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.
Dora foi uma das mais duras críticas da Lava Jato no início da operação, quando a força-tarefa era subordinada a Janot. Enquanto comandou a defesa da cúpula da empreiteira Odebrecht, até 2015, a advogada criticou duramente a forma como a Lava Jato usava ferramentas como as da delação premiada, colaboração internacional e condução coercitiva.
Por telefone, ela confirmou que seu escritório assumiu a causa de Janot por iniciativa do próprio ex-PGR e tentou afastar o caso de suas críticas à Lava Jato. “Não tem nenhum motivo para aproximarem uma coisa da outra. Todo mundo tem direito a ampla defesa e quem foi procurado foi meu sócio Bruno Salles”, disse ela.
Dora não quer, por enquanto, comentar os próximos passos da defesa. Segundo Salles, a primeira medida será pedir informações ao STF para entender quais são as acusações contra Janot. “Se for só pelas declarações que ele deu à imprensa, não existe crime”, disse Salles.
Relação de confiança
Segundo o advogado, seu escritório foi indicado a Janot por um cliente. “Conversamos bastante no sábado e estabelecemos uma relação de confiança”, afirmou.
Janot foi alvo de uma busca e apreensão da Polícia Federal na última sexta-feira (27/09/2019), por ordem do ministro do STF Alexandre Moraes no âmbito do “superinquérito” aberto pelo Supremo para investigar a difusão de notícias falsas contra os integrantes da corte. Os policiais apreenderam uma pistola e o ex-PGR foi proibido de entrar no STF.
Na véspera, Janot havia dito ao Estadão que, em 2017, planejou assassinar Gilmar dentro do STF e depois cometer suicídio. “Não ia ser ameaça, não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele e depois me suicidar”, afirmou o ex-procurador ao Estado.