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Irmãos Batista dizem que venda de gado escondia corrupção em MS

Os empresários também afirmaram ter doado dinheiro oficial e de caixa dois para Reinaldo Azambuja (PSDB) e Delcídio do Amaral (PT)

atualizado

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Jonne Roriz/Agência Estado
Joesley Batista
1 de 1 Joesley Batista - Foto: Jonne Roriz/Agência Estado

Mais um trecho da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, revela que o esquema de corrupção denunciado na Operação Lava Jato começou em Mato Grosso do Sul, há 13 anos. Eles disseram que compras de gado falsas eram usadas para esconder o pagamento de propina a políticos do estado. A informação foi revelada pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, na noite deste sábado (22/7).

Para comprovar a denúncia, os irmãos entregaram ao Ministério Público Federal (MPF) uma lista de nomes e notas fiscais de compras. Na simulação, eles fingiam vender o gado, mas os animais não eram entregues ao comprador. Wesley Batista apresentou uma lista com 56 notas fiscais do frigorífico Buriti, pelo fornecimento de carne, e 23 documentos de compra de gado vivo de 12 pecuaristas.

Ele disse ainda que essas vendas eram inventadas para justificar a saída do dinheiro do caixa da JBS. Ainda afirmou que o dinheiro virava propina para os secretários e para o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), em troca de redução de impostos estaduais.

Os empresários também afirmaram ter doado dinheiro oficial e de caixa dois para Reinaldo Azambuja e Delcídio do Amaral (PT). Eles disputaram o segundo turno das eleições para o governo do Estado em 2014. Um dos executivos do grupo, Valdir Boni, era o responsável por buscar as notas fiscais e fazer os pagamentos.

Notas frias
“O Joesley negociou com o Delcídio e com Reinaldo que se o Reinaldo ganhasse, um ia pagar a conta do outro. Ele [Delcídio] recebeu um valor relevante, R$ 12 milhões, tem várias notas frias, dinheiro em espécie. E como ele não foi eleito e foi o Reinaldo, o Joesley falou: ‘ó, a conta do Delcídio é sua'”, afirmou Wesley em um dos trechos da delação.

Teriam sido pagos R$ 38 milhões em propina a Reinaldo Azambuja, em troca de um desconto no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de R$ 99 milhões para empresas do grupo J&F em Mato Grosso do Sul. Só nos últimos 10 anos, a holding teria desembolsado R$ 150 milhões em propina em troca de descontos de R$ 500 milhões no ICMS no Estado.

Em nota ao Jornal Nacional, o governador Reinaldo Azambuja declarou nunca ter recebido qualquer vantagem indevida de Joesley e Wesley Batista. O PSDB declarou que as doações da JBS estão nas prestações de contas declaradas à Justiça Eleitoral. O PT não quis se manifestar.

 

 

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